Não pense você que é só lá fora que acontecem os movimentos separatistas (quando alguma região de um país tenta ser independente). Aqui no Brasil também há grupos que pregam a mesma ideia, especialmente no Sul, palco da Revolução Farroupilha, e que atualmente tem como frente o movimento ‘O Sul é meu país’, pregando a tese de que os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul deveriam formar uma nova nação, livre dos comandos de Brasília (DF),

No próximo sábado (07), os organizadores do movimento realizarão em 900 cidades dos três estados uma votação, ou pesquisa se assim preferir, com cédulas e urnas informais e sem qualquer tipo de obrigação para participação, com a finalidade de saber a dimensão do interesse popular pela causa. Os interessados receberão cédulas nos locais de votação e deverão responder a pergunta: você quer que o Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul formem um país independente?”.

O ato está sendo chamado de ‘Plebisul’, mas não tem carácter de plebiscito oficial, ou seja, o resultado, independente de qual for, não vai tornar a região Sul independente do governo brasileiro. Em contrapartida, a votação vai servir como amostra do descontentando dos ‘sulistas’ para com a administração federal. Está não é a primeira vez que a votação acontece, em Outubro do ano passado 95,7% dos 617.543 participantes votaram pelo “sim”. A meta do movimento era atingir 1 milhão de pessoas, o equivalente a 5% dos eleitores do Sul.

Em 2016, a votação chegou a ser proibida pela Justiça Eleitoral de Santa Catarina sob a alegação de que tentar separar parte do território nacional é considerado crime. A pena varia de quatro a 12 anos de prisão. Os separatistas justificam a tese da independência devido à questão econômica, alegando que os estados do Sul arrecadam bem mais que as demais regiões e, ao mesmo tempo, recebem menos como retorno da União.

Como o plebiscito não tem validade legal, o grupo busca um caminho para que a consulta seja reconhecida futuramente, por isso, este ano os participantes poderão assinar também o texto para um “Projeto de Lei de Iniciativa Popular”, onde as assembleias estaduais de cada um dos três estados do Sul convocariam plebiscitos oficiais em 2018, simultaneamente às eleições, para demonstrar que a ideia de formar a nação separada do Brasil é de interesse da coletividade local.

Outros movimentos

Confira a lista no final da matéria

O movimento no Sul é o mais tradicional e o que tem a maior taxa de apoio nas redes sociais, mas não é o único no país. Outra iniciativa prega a separação da Capital Federal, isso mesmo, o Movimento Separatista Candango – Brasília é Meu País, e que tem como slogan a frase “Por uma Brasília livre da corrupção dos outros estados”. O grupo cita que o problema da corrupção no Distrito Federal está nos políticos de outros estados que vão para lá, com isso, a imagem da região é que acaba prejudicada.

Recentemente, um levantamento do jornal Gazeta do Povo apontou a existência de 23 movimentos separatistas no país, existindo ao menos um em cada região brasileira. Um deles, o Movimento Mato Grosso do Sul Independente, quer a separação de MS. Na rede social Facebook, a fan page tem aproximadamente 600 seguidores.

No fim do ano passado, movimentos separatistas de vários estados e regiões formaram a Aliança Nacional com o objetivo de criar um partido para mudar a Constituição e permitir a independência. Mais recentemente, em junho deste ano, nove destes grupos publicaram o Manifesto dos Movimentos Independentistas do Brasil, defendendo a ideia da separação.

A Constituição Brasileira impede que alguma região ou estado tente a separação do país. Em seu primeiro artigo, a legislação determina que o Brasil é formado “pela união indissolúvel dos estados”. Na esfera internacional, a tentativa de separação de alguma região de uma nação só é reconhecida em três situações: quando o país é colônia de outro; quando o país é invadido por outro e esta região não aceita ser governada pelo novo país; ou quando há violações dos direitos humanos.