Higuaín e Vargas fazem o duelo dos goleadores "duas caras" na decisão
Por Redação Publicado 25 de junho de 2016 às 09:45

Apesar de estar próximo de Maradona na artilharia da seleção, argentino carrega fardo de ser um dos vilões dos últimos vices. Chileno faz caminho oposto e decide

Pode ser que o herói da Copa América Centenário seja Messi, Sánchez ou Vidal. Seria a cartada óbvia: são os nomes mais consagrados de Argentina e Chile, protagonistas em clubes grandes na Europa, habituais da Liga dos Campeões. Como pode ser que os centroavantes decidam, as segundas ou terceiras apostas dos finalistas, seja numa finalização invejável até para o melhor do mundo ou apenas empurrando a bola para as redes com a canela. Este é o roteiro que desejamHiguaín e Vargas, os goleadores “duas caras” na decisão deste domingo, às 21h (de Brasília), em Nova Jersey – o SporTV transmite ao vivo, e o GloboEsporte.com acompanha em Tempo Real.

Higuaín carrega o fardo de ter sido um dos vilões dos dois últimos vice-campeonatos da Argentina, contribuindo para que o jejum chegasse aos 23 anos. Em 2014, no Maracanã, um recuo de Kroos o permitiu ficar cara a cara com Neuer. O alemão se agigantou, e o chute saiu para fora, torto, como se tivesse sentido a pressão de uma final de Copa do Mundo.

No ano seguinte, em Santiago, um contra-ataque no fim do segundo tempo lhe deu a oportunidade de ser o responsável por tirar sua seleção da fila. Messi o puxou com maestria e abriu para Lavezzi. O passe cruzou a área rapidamente e chegou até o camisa 9, um pouco atrasado. Bravo já não estava mais no lance, mas o gol aberto não foi convidativo o suficiente. Ele ainda isolaria o seu pênalti na disputa que acabou por dar o título inédito ao Chile.

Higuaín chegou a esta Copa América sem a mesma desconfiança. Fez a melhor temporada de sua carreira no Napoli, quebrando o recorde de gols numa só edição do Campeonato Italiano (36 em 35 jogos). Recebeu a titularidade de Tata Martino, mas passou em branco nas três primeiras partidas. As críticas reapareceram, o nome de Agüero, seu concorrente pela vaga, ressurgiu – e então Pipita respondeu com dois gols contra a Venezuela e mais dois diante dos Estados Unidos.

– Não estava de mau humor. Eu estava como antes, tranquilo. Disse outro dia quando não havia feito gol e me perguntaram. Obviamente que os gols sempre influenciam na confiança e é sempre lindo marcar para um “9”, mas eu estava tranquilo – disse o atacante, logo depois de “estrear” contra a Venezuela.

Os quatro gols só o deixam atrás de Messi (5) e o próprio Vargas (6) na artilharia do torneio. No geral, pela Argentina, os números são bastante satisfatórios: 30 gols em 62 jogos, média praticamente igual a de Messi: 0,48 contra 0,49 – a Pulga lidera a tabela com 55 gols em 112 partidas. Neste meio de caminho está Diego Maradona, com 34 gols.

– Sempre que seja para ajudar a seleção os gols são muito bem-vindos. É uma alegria enorme poder estar tão perto de um mito da Argentina – afirmou na última terça-feira. No domingo, ele só quer acertar as contas com o passado.

O CURIOSO CASO DE EDUARDO VARGAS

Vargas está mais próximo do oposto. O atacante do Hoffenheim despertou uma grande curiosidade depois que marcou quatro vezes sobre o México, pelas quartas de final, dobrando a quantidade de gols que havia feito pelo clube alemão em toda a temporada (em 24 jogos!). É o jogador que desmente o mantra “seleção é momento”.

Pelo Chile, sua média de gols é mais de três vezes maior do que a média por todos os clubes que defendeu até aqui desde que deixou o Universidad do Chile, em 2011 (0,53 a 0,16): Napoli, Grêmio, Valencia, Queens Park Rangers e agora o Hoffenheim estão em seu currículo. Rodou pelas quatro principais ligas da Europa e não se firmou, inclusive na Espanha, quando foi comandado por Juan Antonio Pizzi – o seu chefe atual na seleção.

Causa e efeito: são 31 gols pelo Chile com apenas 26 anos de idade e a possibilidade real de se tornar muito em breve o maior artilheiro da Roja, disputando o posto com Alexis Sánchez – embora com quantidade de partidas absurdamente menor (veja na tabela acima). Quando ouvir a pergunta “por que fulano não consegue brilhar na seleção como no clube?”, pense na situação praticamente inédita de Vargas. E lembre-se que de vermelho ele é bastante confiável – para o azar da Argentina?Fonte: Ge