Ex-governadores envergonham o nome de MS
Por André Farinha Publicado 19 de maio de 2017 às 19:26
Zeca do PT, André Puccinelli e Reinaldo Azambuja foram citados pelos irmãos Batista, da JBS, na delação premiada

Os dois últimos governadores de Mato Grosso do Sul, José Orcírio Miranda dos Santos, o popular Zeca do PT, e André Puccinelli (PMDB), além do atual governador Reinaldo Azambuja (PSDB), foram citados pelo empresário Wesley Batista, um dos donos do frigorifico JBS, na delação premiada feita no dia 04 de Maio aos Procuradores-Gerais da República: Fernando Antonio Oliveira e Sergio Bruno Fernandes. Segundo Batista, todos os três governadores participaram de um grande esquema de corrupção envolvendo pagamento de propinas em troca de isenção fiscal para as empresas do grupo JBS.

O vídeo do depoimento do empresário foi divulgado nesta sexta-feira (19) pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Conforme consta, Wesley revelou funcionar em Mato Grosso do Sul um esquema de longa data para pagamento de propina em troca de redução da alíquota de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que teria começado ainda na gestão de Zeca do PT, passando por todo o mandato duplo de André Puccinelli e continuando na atual administração de Reinaldo Azambuja.

Veja o depoimento completo de Wesley Batista abaixo

https://www.youtube.com/watch?v=f0WAZL7u0gA

No depoimento, Wesley Batista diz que tudo começou quando Zeca foi eleito, em 1999. “Mato Grosso do Sul é um esquema de benefícios fiscais para redução da alíquota do ICMS. Esse esquema começou quando o Zeca do PT foi eleito”, revelou. O empresário explicou que o esquema era operado, inicialmente, pelo seu irmão, Joesley Batista e só tomou frente do ‘negócio’ depois.

Conforme delatou, na época do governo Zeca, 20% do valor do benefício de redução do ICMS ia para o bolso do petista, tendo como contrapartida o pagamento de propina. Em 2010, quando Zeca se candidatou a governador pela terceira vez, o petista teria recebido R$ 3 milhões de Joesley para alimentar a campanha, sendo que R$ 1 milhão foram através de doação oficial e outros R$ 2 milhões em espécie.

Na gestão de Puccinelli, de 2007 a 2014, R$ 30 milhões foram entregues diretamente ao peemedebista, outros R$ 60 milhões foram entregues através de doleiros, Segundo o delator, Puccinelli teria dois operadores: Ivanildo Miranda, que concedia ‘notas frias’ por ser produtor rural e ter bois, e André Luiz Cance. Batista dia que as propinas “foram pagos por várias modalidades: notas frias, notas fiscais, doleiros e a terceiros no período do Puccinelli”.

No atual governo, o próprio Reinaldo Azambuja (PSDB) seria o operador do esquema. Wesley revelou que o tucano teria recebido um intermediário na Governadoria para dar notas frias em troca de isenção de ICMS às empresas do JBS. “O próprio governador tratava comigo. O Boni ia ao palácio do governo, em Campo Grande. Essas notas, o Boni pegou em mãos com o governador e processou o pagamento. Mesma coisa, incentivos fiscais para redução de ICMS. Vários incentivos são legítimos e alguns, se não me falha a memória, um não foi cumprido, simplesmente para reduzir o pagamento. Você só conseguia o termo de acordo se pagasse, se não pagasse não conseguia”, declarou no depoimento.

Respostas à sociedade sul-mato-grossense

Diante do exposto, as assessorias de imprensa dos três políticos citados na delação premiada disseram que:

O ex-governador André Puccinelli não se manifestará sobre o assunto. É válido lembra que até metade desta semana o peemedebista estava condenado à prisão e com uma tornozeleira eletrônica por conta dos esquemas de corrupção descobertos no seu governo por meio da operação Lama Asfáltica.

O deputado federal Zeca do PT, que foi governador por dois mandatos consecutivos (1099 até 2007), disse através de nota à imprensa que nunca pediu ou teve conhecimento de que alguém de dentro do seu governo pediu propina aos empresários Batistas.

O deputado Zeca do PT não tem o menor temor da alardeada delação dos executivos do grupo JBS, já que na condição de ex-governador do Estado, nunca pediu e nem tomou conhecimento de que alguém tenha pedido propina ao referido grupo em seu nome ou em nome do seu governo.

Resta desafiado que seja apresentado qualquer prova ou indício do fato aludido na referida delação.

O Deputado Zeca do PT confia que o poder judiciário ao final da apuração saberá distinguir as verdadeiras imputações daquelas que tem um único propósito: Obter benefício com uso indevido da delação premiada.

O atual governador Reinaldo Azambuja divulgou um comunicado intitulado ‘Compromisso com a verdade’. Confira e reflita:

Tendo em vista a delação do empresário Wesley Batista em que meu nome é citado, e em respeito ao povo de Mato Grosso do Sul, faço os seguintes esclarecimentos:

O empresário Wesley Batista apresentou em sua delação premiada suposições de fraude envolvendo cinco termos de acordo de incentivos fiscais com o Estado de Mato Grosso do Sul, dos quais apenas um foi assinado em minha gestão;

Esclareço que referido termo assinado em minha gestão teve como objeto investimentos para ampliação e geração de novos empregos em diversas unidades frigoríficas em Mato Grosso do Sul, conforme legalmente estabelecido pela política de incentivos estadual;

Em relação à declaração de que recebi aproximadamente R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais) dos empresários, informo que o valor exato é de R$ 10.500.000,00, (dez milhões e quinhentos mil reais) repassados pelo PSDB nacional e que constam regularmente declarados na prestação de contas eleitoral de minha candidatura em 2014.

Ressalto que a transparência na gestão pública é meu compromisso com o povo sul-mato-grossense, comprovado pela ultima avaliação da CGU que colocou Mato Grosso do Sul com nota 10 em transparência, sendo o Estado que mais evoluiu nesse quesito em todo o país;

Apoio integralmente às investigações, e me coloco à disposição para apresentação de todo e qualquer documento ou esclarecimento que contribua com a elucidação total dos fatos.

Por fim reforço que qualquer outra alegação de fatos ilícitos envolvendo meu nome e a empresa JBS não condiz com a verdade, e será devidamente comprovado.