
Suspensão do pedágio ou retomada das obras. Esta foi a decisão unânime de mais de 30 vereadores do Estado na manhã de hoje (18), na Câmara Municipal de Campo Grande sobre a paralisação das obras da concessionária CCR MSVia. A duplicação da BR-163 está suspensa desde abril deste ano.
Para a reunião, foram convidados vereadores e presidentes das câmaras de 20 cidades do Estado, por onde passa os 845 km da rodovia. Representantes de Campo Grande, Camapuã, Itaquiraí, Naviraí, Nova Alvorada do Sul, Jaraguari, Mundo Novo, Rio Brilhante, São Gabriel do Oeste, Bandeirantes, Rio Verde, Caarapó e Eldorado elaboraram uma carta oficial, que será encaminhada ao diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Jorge Luiz Macedo Bastos, pedindo que as obras sejam retomadas imediatamente.
Ficou definido também que haverá audiências públicas em cada cidade nos próximos dias, para mobilizar as autoridades locais e a população em geral. Em Campo Grande, a data ficou definida para a próxima quinta-feira (24).
De acordo com o presidente da Câmara Municipal da Capital, vereador João Rocha (PSDB) será marcada uma próxima reunião para elaborar um dossiê contendo as atas de todas as audiências, as quais também serão encaminhadas para a ANTT, com o objetivo de reforçar o pedido de retomada imediata das obras.
Os parlamentares lutam ainda para que o pedágio seja suspenso, caso as obras permaneçam paralisadas, impedindo a cobrança injusta de pedágio sem que o serviço esteja sendo executado.
“Queria saber se fosse em outro Estado, se a concessionária estaria tratando da mesma maneira que está tratando Mato Grosso do Sul? Temos que tomar uma atitude e chamar para nós essa responsabilidade, porque nós somos o início dos degraus que as pessoas podem recorrer, estamos mais próximos da população”, diz o vereador.
João Rocha diz que essa situação é grave e precisa ser resolvida o mais rápido possível. “Tomei a liberdade de convidar todos os presidentes de Câmara para que possamos deliberar uma providência. Isso é importante para nossos municípios, para nosso Estado, mas principalmente para o Brasil, pois a BR-163 é um corredor de escoamento de safras agrícolas e pecuárias Nós temos essa responsabilidade para com o nosso país. Não podemos ficar parados só nessa reunião, temos que continuar nessa mobilização até que algo seja efetivado”, conclui.
O vereador de Jateí, Jeovani Vieira dos Santos (PSD), presidente da União de Câmaras de Mato Grosso do Sul (UCV), conta que eles foram a Brasília, e participaram de uma reunião com o governador, com o ministro dos transportes e a CCR MS Via. Segundo ele, a concessionária quer mais cinco anos para que possam retomar os trabalhos de duplicação.
“Isso é muito preocupante, porque com essa paralisação mais de 1.200 trabalhadores perderam seus empregos. Não é só a questão da paralisação das obras, mas dos desempregados também. Eu defendo que a gente procure fazer com que a CCR cumpra o contrato de concessão aqui em Mato Grosso do Sul, até porque ela continua arrecadando, então não tem porque ela fazer essa paralisação. É inviável esse aumento na concessão de cinco anos”, afirmou.
Quem também apoia o retomada das obras é o presidente Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção de Mato Grosso do Sul, Weberton Sudário.
“A CCR, antes de pegar a concessão, fez um estudo criterioso. A parada das obras é precipitada, pois atinge diretamente 1,2 mil famílias que precisam diretamente do emprego. Se forem parar, que seja suspendida a cobrança dos pedágios. Um dia de recolhimento de pedágio pagaria, por exemplo, todas as rescisões trabalhistas. Temos que fazer a CCR voltar aos trabalhos. É o papel dos políticos, dos vereadores e prefeitos, mas principalmente da sociedade saber o que acontece”, disse
A dispensa dos mais de mil trabalhadores também foi abordado pelo presidente do SINTICOP-MS (Sindicato dos Trabalhadores na Construção Pesada de Mato, Walter Vieira dos Santos. “Houve um impacto social e econômico muito grande com esta dispensa destes trabalhadores no trecho de Sonora/ Mundo Novo. Então, é muito importante este encontro aqui, para que a sociedade se mobilize e esta obra seja retomada, fazendo com que Mato Grosso do Sul cresça tanto socialmente como economicamente com a recontratação destes trabalhadores “, disse.
A empresa, que disputou a concessão de 30 anos com outros cinco grupos, ganhou em maio de 2012. O contrato foi assinado dia 14 de abril de 2014. No total,o projeto tem investimento de R$ 4,59 bilhões.
Desde que assumiu a BR-163/MS, em abril de 2014, a Concessionária entregou ao tráfego um total de 138,5 quilômetros de pistas duplicadas. Foram injetados no empreendimento recursos na ordem de R$ 1,9 bilhão, entre obras, serviços, equipamentos e impostos. As 21 prefeituras de cidades servidas pela BR-163/MS receberam nos últimos três anos um total de R$ 62 milhões em ISS gerado pela Concessão.
A CCR MSVia também recuperou 333 quilômetros de pavimento, além de complementar e modernizar toda a sinalização da rodovia. Para monitoramento do tráfego, foram implantadas mais de 400 câmeras em circuito fechado de TV e 389 quilômetros de fibras óticas, entre outros equipamentos de última geração.