Único etíope da natação fica para trás, lembra Moussambani e ganha torcida
Por Redação Publicado 9 de agosto de 2016 às 20:19

Representante solitário da Etiópia nas piscinas, Robel Kiros Habte termina em último nos 100m livre, mas comemora: “Minha primeira Olimpíada, então estou muito feliz”

Ao se posicionar no bloco de partida para a primeira série eliminatória dos 100m livre na tarde desta terça-feira, Robel Kiros Habte logo chamou a atenção com seu porte físico mais “cheinho”, diferente dos demais velocistas. Quando caiu na piscina, também não conseguiu mostrar a mesma técnica. Ficou bem para trás dos rivais da República Dominicana e da Costa do Marfim e só conseguiu tocar a parede mais de 12 segundos depois. Cena que lembrou o clássico Eric Moussambani, de Guiné Equatorial, em Sydney 2000. Mas o único nadador da Etiópia nos Jogos saiu como um dos mais aplaudidos pelas arquibancadas do Estádio Aquático. Afinal, espírito olímpico é isso. Para boa parte dos atletas que estão no Rio, a colocação final não é exatamente o mais importante.

Para Robel, nadar, significa ser vanguardista. Ser diferente. Em um país onde maioria dos que entram no esporte vão para o atletismo, ele escolheu outra direção. Como prêmio à sua persistência, ganhou a oportunidade de realizar o sonho de todo atleta, estar nos Jogos Olímpicos, ao receber um convite da Federação Internacional de Natação (Fina).

– Acho que sou o único nadador profissional na Etiópia. Ser nadador lá não é comum. Todas as pessoas vão para a corrida. Eu achei a natação e gostei. Queria fazer um esporte diferente – afirmou o nadador de 24 anos.

A cena protagonizada pelo etíope no Rio remete instantaneamente a um clássico olímpico, que foi a participação de Eric Moussambani em Sydney 2000. Na ocasião, o nadador de Guiné Equatorial, que até quatro meses antes dos Jogos não tinha experiência com natação competitiva, quase não conseguiu terminar os 100m livre, mas persistiu e entrou para a história com o pior tempo da prova em Olimpíadas.

No caso de Habte, a história é um pouco diferente. Há cerca de quatro anos se dedica ao esporte. Inclusive, treinou por um período em Milão, na Itália, onde aprendeu técnicas da natação que tenta repassar para os irmãos na Etiópia. Apesar disso, foi difícil conter a emoção de nadar sua estreia olímpica e o tempo de 1m04s95 ficou bem acima de seu recorde pessoal (59s99), terminando na última colocação entre os 59 atletas inscritos nos 100m livre. Para se ter uma ideia da diferença de tempo entre Habte e seus adversários, o primeiro colocado foi o australiano Kyle Chalmers, com o tempo de 47s90. O penúltimo colocado, Sirish Gurung, do Nepal, ficou com o tempo de 57s76. Nada que diminuísse muito a alegria do etíope.

– Não consegui fazer o meu melhor hoje. Mas foi minha primeira Olimpíada, então estou muito feliz – concluiu.

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Fonte: Ge