Na manhã desta quinta-feira (30), grupo de travestis que atuam como profissionais do sexo anunciou a formalização de denúncias apontando ameaças que sofrem desde o assassinato da travesti Paolla Pracho, crime ocorrido no último dia 22. Segundo Micaela, uma das vítimas, que atua há 16 anos como profissional do sexo, as ameaças partem de um grupo rival comandado pela travesti Harine, suspeita de ter matado Paolla e que está foragida.
Na reunião as travestis destacaram que era Paolla que as protegia, em troca de uma contribuição financeira. Com a morte dela, o grupo passou a fazer ameaças. Para piorar, as travestis afirmam que os roubos e o tráfico de drogas aumentaram e a clientela diminuiu com medo de frequentar a região. A situação de perigo foi anunciada na reunião com a presidente da Associação de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais de Dourados (AGLTD), Cláudia Rosa Assumpção, e com o vereador e presidente da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Defesa do Consumidor da Câmara de Dourados, Elias Ishy.
Também participaram membros da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), da Polícia Militar e Guarda Municipal de Dourados. Um dos objetivos da reunião foi orientar as travestis sobre a importância em oficializar denúncias de violência junto aos órgãos competentes, bem como alertá-las sobre a ilegalidade da prática do rufianismo, popularmente conhecido como “cafetinagem”, que é a obtenção de lucro através da exploração de prostituição alheia.
Cerca de 80 travestis atuam como profissionais no sexo na cidade de Dourados, segundo a presidente da associação. “É um trabalho com prazo de validade, que oferece muitos riscos à vida dessas profissionais. A expectativa de vida delas não passa dos 35 anos”, diz Cláudia. Segundo a presidente, o rufianismo é praticado em sua totalidade por travestis de fora da cidade. Para poder atuar de forma mais efetiva na prevenção e combate à violência sofrida por esse grupo, bem como a outros riscos a que eles são expostos, como maior incidência de doenças sexualmente transmissíveis, Cláudia disse que solicitará à prefeita Délia Razuk (PR) a criação de uma coordenadoria de assuntos LGBTs, ligada à Secretaria Municipal de Assistência Social, em parceria com as Secretarias Municipais de Educação e Saúde.
Foto: Joandra Alves/DouradosNews