
Conversa com Dona Cida, funcionária do clube há 17 anos, foi determinante para grupo mudar de ideia e entrar em campo no sábado, apesar dos salários atrasados
“Gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares pouco importantes, conseguem coisas extraordinárias”. A frase ilustra as costas da camiseta da Tia Cida e resume a participação dela na crise do União Barbarense. Foi a partir de um pedido da cozinheira do clube que o elencoreconsiderou a decisão de não jogar contra o Santo André, no último sábado.
– Falei que a tia estava junto deles, o que eles decidissem, eu apoiaria, mas queria que entrassem em campo e honrassem a camisa do União. Eles são guerreiros, bons meninos, amorosos. Estava falando do coração para jogarem – relembrou a Tia Cida, funcionária do Leão da Treze há 17 anos.
Sensibilizados com as palavras da “tia da cozinha”, os jogadores mudaram de ideia e entraram em campo para conquistar a terceira vitória consecutiva na Série A2 do Campeonato Paulista, mesmo com os salários atrasados.
– A tia da cozinha nos motivou. Ela desceu no vestiário, conversou, até chorou. Isso nos emocionou e acabamos indo por elas também – disse o atacante Thomas, autor do gol da vitória por 1 a 0 sobre o Ramalhão, nos acréscimos do segundo tempo, no ABC paulista.
A manhã de sábado foi conturbada na Toca do Leão. Houve uma série de reuniões entre diretoria, elenco e até integrantes de torcida organizada. Os atletas estavam decididos em ficar em Santa Bárbara d´Oeste, se não saísse o pagamento.
Com a promessa da cúpula em acertar as pendências ao longo da semana, o grupo viajou em cima da hora para Santo André, trocou de uniforme no ônibus, onde também ouviu as orientações de Cléber Gaúcho, e entrou em campo após a execução do hino nacional.
– As pessoas ficam dando datas, mas chega na hora e não cumprem com a palavra. A situação é muito complicada. Espero que essa semana a diretoria corra atrás para acertar o que combinaram – comentou o meio de campo Vitor Cruz.
Em busca de apoio de investidores da cidade e do poder público, a diretoria do União Barbarense espera realizar o pagamento nos próximos dias, até quinta-feira, no máximo. Recentemente, o clube perdeu o patrocínio master (as indústrias Romi estampavam a marca na camisa) e também tem parte da cota na Federação Paulista de Futebol bloqueada por questões trabalhistas.
Apesar dos problemas extracampo, o União Barbarense está entre os líderes da Série A2. É o quinto colocado, com 13 pontos, dois a menos que o líder Bragantino. É no próprio nome da instituição que o elenco, com média de idade de 22 anos e folha salarial de R$ 100 mil, se apega para superar as dificuldades e manter a boa campanha.
– O próprio nome do clube, União, fala tudo. Somos um grupo muito unido – disse Thomás.
Entre a situação tensa nos bastidores e o embalo dentro das quatro linhas, o União Barbarense volta a campo nesta quarta-feira, quando recebe o Paulista, às 20h. Para o duelo, o técnico Cléber Gaúcho conta com três reforços. O atacante Alisson Ricardo, livre de suspensão, e o volante Fábio Baiano, baixa no ABC devido a problemas particulares, voltam a ficar à disposição. Além deles, o meia Medina teve a situação regularizada e já tem condições de estrear.
Por outro lado, Lucas Vieira, expulso contra o Santo André, desfalca a equipe. A tendência é que Cléber Gaúcho mantenha a base, com Murilo; Juan Melgarejo, Cunha, Leomar e Nininho; Alisson Costa, Felipe Recife, Vitor Cruz, Braian Samudio e Marllon; Alisson Ricardo (Thomas).
Fonte: Ge