O governo quer mostrar que está trabalhando para enfrentar a crise econômica que está instalada no país há mais de dois anos e, ao mesmo tempo, quer mostrar que seu grupo político não permitirá que prospere no Congresso qualquer proposta que conceda anistiaaos políticos que praticaram caixa dois em eleições passadas. Para isso, o presidente Temer convocou os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Rodrigo Maia, para, juntos, falarem à imprensa de ações em curso para criar o ambiente de retomada do crescimento econômico. Ele vão se manifestar contra a proposta de anistia.
Nem mesmo o fato de ser um fim de semana impediu Temer de fazer as primeiras conversas para tratar deste assunto. É que o governo reconhece que foi muito negativa a mensagem passada à sociedade a partir da demissão de Marcelo Calero do Ministério da Cultura. O ex-ministro disse ter sido pressionado pelo então ministro Geddel Vieira Lima para interceder junto ao Iphan para que fosse concedida licença para a construção de um edifício de 33 andares em área de Salvador, onde Geddel comprou um apartamento. Calero disse ainda que foi “enquadrado” pelo próprio Temer para que Geddel fosse atendido em sua reivindicação ao Iphan.
A cobrança de Geddel acabou sendo motivo para sua demissão e o envolvimento do próprio presidente no assunto gerou grande desgaste para o governo. Pelas redes sociais, o governo detectou que as críticas foram crescendo a partir da interpretação de que, mesmo diante de uma grave crise econômica no país, o presidente da República encontrou tempo para se envolver pessoalmente num caso de interesse exclusivo de um ministro.
Por isso, Temer deve dar entrevista neste domingo ao meio-dia, tendo ao lado os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia e o do Senado, Renan Calheiros, para que todos falem dos projetos em tramitação ou já aprovados para o país enfrentar a crise. E que, os três juntos estão contra qualquer iniciativa de aprovar anistia para crimes eleitorais do passado.
Renan Calheiros divulgou nota neste sábado (26) afirmando que o Senado Federal tem uma pauta negociada com os líderes partidários para este final de ano e não irá votar “qualquer projeto que envolva eventuais anistias de campanhas eleitorais”, e acrescenta que assim estará “poupando o senhor presidente da República de veto ou sanção sobre matérias dessa natureza”. Uma estocada de Renan à declaração de Temer de que iria vetar eventual lei de anistia que fosse aprovada pelo Congresso.
O governo avalia que a discussão do projeto sobre o Pacote de Medidas de Combate à Corrupção na Câmara gerou a desgastante discussão sobre anistia. Por isso, o governo quer “reorganizar o a agenda”, segundo um auxiliar de Temer, “com calma e serenidade” para mostrar suas ações.
“Não haverá anúncio porque isso seria pirotecnia. É que os últimos acontecimentos jogaram uma nuvem de tal ordem que não se vê as ações do governo e do Congresso, o que já está sendo feito”, disse um auxiliar do Planalto.
Fonte: G1