Temer busca agenda econômica para neutralizar impacto da delação da Odebrecht
Por Redação Publicado 12 de dezembro de 2016 às 08:26

Presidente tenta acelerar anúncio de pacote de medidas para a retomada do crescimento

BRASÍLIA – Como forma de reagir às denúncias da Odebrecht, o presidente Michel Temer decidiu acelerar o anúncio do mini pacote econômica numa tentativa de retomar o crescimento e tentar escapar do foco da crise que arrastou o seu governo e a cúpula do PMDB para o centro da operação Lava-Jato.

Mais cedo, o líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso, chegou a anunciar, deixando o Jaburu, que haveria um encontro ainda hoje com a equipe econômica. Ele falou, inclusive, em possibilidade de anúncio neste domingo, mas foi desautorizado pelo Palácio do Planalto.

– As medidas de estímulo à economia já estão há mais de uma semana sendo estudadas pelo Ministério da Fazenda e pelo Planejamento. Essas medidas serão anunciadas quando estiverem prontas, isso não será hoje – afirmou um auxiliar do presidente Michel Temer.

O presidente Michel Temer decidiu restringir as reuniões da noite deste domingo à agenda política.

Interlocutores do governo disseram que, apesar de as medidas de estímulo à economia estarem na mesa em fase final de avaliação, não haverá qualquer anúncio nesta noite.

Jantar na casa de Rodrigo Maia

Na noite deste domingo, Temer participa de jantar na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Em meio ao agravamento da crise, que atingiu o Palácio do Planalto após delação de executivo da Odebrecht, Temer decidiu intensificar as conversas políticas neste domingo, em Brasília. Depois de conversar com Rodrigo Maia por telefone, resolveu participar de jantar com deputados da base aliada.

A prioridade de Temer é garantir as votações no Congresso. Aos deputados, os principais pedidos são para aprovar a LDO de 2017, na terça-feira, e a admissibilidade da Reforma da Previdência pela Comissão de Constituição e Justiça da Casa, antes do início do recesso, marcado para o dia 16 de dezembro.

O presidente também busca tranquilizar sua base quanto às denúncias que atingem o núcleo de seu governo e a cúpula do PMDB no Senado. Temer tem dito aos aliados que é preciso avaliar com frieza a delação, porque vê muitas incongruências nas denúncias.

Hoje, as conversas com líderes devem ser focadas na mobilização para a votação da admissibilidade da reforma da Previdência e na aprovação, em segundo turno no Senado, da proposta de emenda constitucional (PEC) que estipula um teto para o gasto. O governo teme que a delação do ex-diretor da Odebrecht, Carlos Melo Filho, atrapalhe o andamento dessas duas pautas no Congresso.

Rogério Rosso disse ainda, mais cedo, que Temer fez uma avaliação sobre as denúncias, afirmando que confia nas instituições e no Poder Judiciário. Outro foco da reação de Temer é votar essa semana a PEC do Teto em segundo turno no Senado.

— Ele comentou que o foco é o ajuste fiscal, que confia muito nas instituições, na independência dos poderes, que confia muito no Poder Judiciário, nas investigações, mas que nada vai tirar o foco do ajuste fiscal — afirmou Rosso ao deixar o Palácio do Jaburu.

Além de votar a PEC do Teto, Temer quer aprovar ainda essa semana, na Câmara, a admissibilidade da reforma da Previdência. Ele chamará os deputados aliados para uma conversa na terça-feira, a fim de fechar a estratégia de votações.

— Ele estava tranquilo e disse que não vai perder o foco diante do que está acontecendo — disse Rosso.

Governistas avaliam pedir anulação da delação

Em paralelo à reação econômica, o governo traça estratégias para se defender da delação do executivo Cláudio mello Filho. Além de discutir os efeitos da denúncia sobre o Planalto e a cúpula peemedebista, governistas estão preocupados com uma eventual paralisia do Congresso, o que poderia tornar ainda mais difícil a vida do governo Temer.

As cúpulas do Palácio do Planalto e do PMDB do Senado avaliam a possibilidade de pedir a anulação da delação por ter sido vazada antes mesmo da homologação pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Governistas lembram que a delação do diretor da OAS, Léo Pinheiro, que implicava o ministro do STF, Dias Toffoli, não foi homologada.

Fonte: O Globo