Aos 50 anos, Supla vai rodar o Brasil com seu mais recente álbum, Diga o que você pensa, título de uma das 14 canções do CD, todas compostas por ele. Filho de Eduardo Suplicy, o vereador mais votado em São Paulo nas últimas eleições, e da senadora Marta Suplicy, ele faz no dia 4 um show ao lado dos Titãs no Circo Voador, no Rio de Janeiro, e fala das dificuldades que enfrenta por causa de seu “jeito livre de ser”.
Você acha que paga um preço alto por dizer o que pensa?
Quando Donald Trump disse que poderia chegar à Quinta Avenida, dar um tiro em alguém e, mesmo assim, não perderia votos, pensei: “Pô, meu, que mensagem esse cara quer passar?”. Então fiz “Trump, Trump, Trump”. Fui criticado, disseram que, com tantos problemas no Brasil, não tinha de fazer música sobre ele. Mas ele é uma incógnita para o mundo, e isso reflete aqui. As atitudes dele em relação à Rússia e à China, por exemplo, podem desencadear a Terceira Guerra Mundial… Sei lá, papito?!
Considera-se um anarquista?
Eu me pergunto: “Quem são vocês aí no Congresso para determinar as leis? Para vetar a descriminalização da maconha, por exemplo?”. Que moral eles têm? Estão todos entupidos de acusações. Se pensar assim é ser um anarquista, o.k., então sou um. Anarquia, para mim, é liberdade, é cada um viver sua vida da forma como quer.
É difícil não se enquadrar nos padrões?
Sempre. Ainda mais quando surgiu o mensalão. Já ouvi: “Você é filho de ladrão, seu pai apoia o Lula” ou “Sua mãe é isso, aquilo, mudou de partido e blá-blá-blá”. Eu não concordo com tudo o que meus pais falam e defendem, mas nos respeitamos. Talvez as pessoas olhem para mim, cabelo descolorido, filho de fulano, meio diferente, e achem que não sou politizado. Mas sou antenado, preocupado com o que acontece a minha volta.
Fonte: ÉPOCA/Bruno Astuto