Sobrinho de PM disse à polícia que mulher de embaixador o ameaçou de morte para que não denunciasse assassinato
Por Redação Publicado 2 de janeiro de 2017 às 09:37

Em depoimento à Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), Eduardo Moreira Tedeschi de Melo, um dos três presos pela morte do embaixador grego Kyriakos Amiridis, afirmou que foi ameaçado de morte pela embaixatriz, Françoise de Souza Oliveira, para que não denunciasse o crime. Segundo agentes da especializada, ela teria dito: “Se dedurar, vai acabar igual ao embaixador”.

Eduardo é sobrinho do soldado da PM Sérgio Gomes Moreira Filho — amante de Françoise e também preso pelo assassinato. Ele ainda contou, no depoimento, que Françoise teria prometido R$ 80 mil para que ele participasse do plano. O pagamento seria feito 30 dias após o crime.

O depoimento de Eduardo é considerado fundamental pelos investigadores, porque foi o primeiro relato a revelar a participação da embaixatriz no homicídio. Para convencê-lo a participar do plano, Françoise ainda teria, segundo o relato de Eduardo, omitido que Kyriakos era embaixador: disse somente que se tratava de um “empresário”. O diálogo entre Françoise e Eduardo teria ocorrido na manhã do dia 26. Kyriacos foi morto horas depois, na casa que mantinha com a mulher, em Nova Iguaçu. Na ocasião, Eduardo vigiou o lado de fora da residência, enquanto o PM matava o embaixado

A DHBF ainda tem outra prova que coloca a embaixatriz na cena do crime. Uma câmera de segurança do condomínio flagrou o horário em que ela chegou em casa na noite do crime: por volta de 1h30 — quase duas horas antes de o corpo ser retirado do local pelo PM. A imagem, obtida pelo EXTRA, mostra Françoise e a filha entrando em casa. A menina teria ficado ficou trancada em seu quarto e não teria visto o corpo do embaixador. Segundo os investigadores, até a hora em que o corpo foi removido, Sérgio e Eduardo teriam feito uma faxina na sala da casa, para remover os vestígios do assassinato.

Perícia contesta versão

A perícia feita na casa do embaixador contesta a versão apresentada pelo PM Sérgio Moreira Filho sobre o crime. Ele afirmou que foi tirar satisfações com o diplomata após descobrir supostas agressões à sua amante. Já na casa de Kyriakos, os dois teriam se envolvido numa luta corporal. O policial sustentou que agiu em legítima defesa: disse que o embaixador estava armado e que, para se defender, o asfixiou.

Agentes não encontraram a arma no apartamento, e nenhum dos acusados a apresentou na delegacia. A perícia do cômodo onde o embaixador foi morto revelou manchas de sangue no sofá, o que é incompatível com morte por asfixia. Peritos acreditam que a vítima tenha sido esfaqueada.

Prisão decretada

Na última sexta-feira, a Justiça decretou a prisão temporária por 30 dias de Françoise; seu amante, o PM Sérgio; e de Eduardo Tedeschi pelo assassinato do embaixador. De acordo com a decisão do juiz Felipe Carvalho da Silva, o PM tentou apagar imagens de câmeras de segurança do circuito interno do condomínio onde o diplomata foi morto — e que mostram a remoção do cadáver.

A polícia ainda investiga a participação de mais uma pessoa no crime. Um mototaxista levou Sérgio a um posto para comprar gasolina e levou o PM até o local onde o carro — com o corpo do embaixador — seria incendiado.

Françoise negou ter participado do plano para matar seu marido. Em depoimento, ela responsabilizou seu amante pelo assassinato e disse que “não tinha culpa” e “que não podia evitar” o crime.

Fonte: Extra