Sete Brasil entra com ação contra ex-presidente que admitiu ter recebido propina
Por Redação Publicado 20 de julho de 2015 às 14:15
Ex-presidente da Sete Brasil João Carlos Ferraz - Givaldo Barbosa / Agência O Globo

João Carlos Ferraz confessou o crime em carta à empresa, onde afirma ter sido “um momento de fraqueza”

RIO — A Sete Brasil entrou com uma ação na Justiça contra o seu ex-presidente João Carlos Ferraz para reaver R$ 22 milhões. Esses valores se referem a bonificações recebidas durante o período que permaneceu no cargo e a propinas que recebeu de estaleiros contratados para construir sondas para o pré-sal. Segundo uma fonte do setor, a Sete Brasil recebeu em março último uma carta de João Ferraz na qual admite ter recebido US$ 1,9 milhão em propinas de estaleiros. A informação foi divulgada nesta segunda-feira pelo jornal “Folha de S. Paulo”.

Segundo a reportagem, Ferraz afirmou no documento ter aceito as “gratificações” num “momento de fraqueza”, no qual estaria pressionado por colegas, sem dizer de onde partiram as pressões.

A confissão de Ferraz de ter recebido propina de estaleiros, segundo a fonte, não dificulta as atuais negociações em andamento para a reestruturação da companhia, que prevê, entre outras medidas, a redução da encomenda de sondas da Petrobras, atuais 28 para 15, à Sete, além de envolver um complexo programa de financiamento com recursos de bancos estatais e privados e recursos externos.

Na auditoria interna feita pela nova direção da Sete Brasil, nada foi encontrado de irregularidades na gestão de Ferraz e de Pedro Barusco, que foi diretor também da companhia, depois de sair da Petrobras, onde foi gerente e réu confesso de receber propinas no caso da Operação Lava-Jato, porque nenhuma irregularidade foi feita dentro da companhia. Ferraz recebeu propina por fora dos estaleiros. Na carta, o ex-presidente não entra em detalhes, nem dá o nome dos estaleiros que teriam pago propina.

Ainda de acordo com a reportagem, a propina teria sido recebida entre maio e dezembro de 2013, e que Ferraz garante que “fora esse episódio”, não haveria mais nada que pudesse “macular suas demais atividades” na empresa, realizadas com “zelo e competência”.

EMPRESA DIVULGA NOTA

A Sete Brasil evitou falar sobre o assunto. Em nota explica que “reitera que todas as ações internas relativas a temas de escopo jurídico vêm sendo desenvolvidas nos fóruns adequados”.

A companhia destacou ainda que a atual direção desde que assumiu, em maio de 2014, fez auditorias externas em todos os contratos. E afirma que “a conclusão apresentada é que todos estavam dentro da legalidade e com preços praticados pelo mercado. O atual comando da Sete Brasil tem todo o interesse que todos os fatos em apuração pela Operação Lava-Jato sejam esclarecidos.”

Fonte: Oglobo