Na série, atriz troca o glamour de Manhattan pelo fim do casamento no subúrbio de NY
LOS ANGELES – Sarah Jessica Parker sabe que a comparação é inevitável. Mas Frances, ela jura, não poderia ser mais diferente de Carrie Bradshaw. Doze anos depois do fim de “Sex and the city” a atriz de 51 anos volta à televisão em “Divorce”, a partir de 9 de outubro na HBO. Uma criação da própria SJP, como é chamada pela imprensa americana, em parceria com Sharon Horgan (da celebrada série “Catastrophe”, da Amazon), o programa é um drama por vezes extremamente pesado, calibrado por diálogos de um humor ácido, que fazem rir e chorar ao retratar o doloroso processo de separação de Frances e Robert, personagem de Thomas Haden Church. Depois de 17 anos juntos, com dois filhos e uma casa confortável em um subúrbio de Nova York, cabe a Frances comunicar ao marido o fim do casamento. É como se o espectador fosse convidado a testemunhar o reverso de Carrie. Sai de quadro a esperança de se encontrar um novo amor na cidade mágica, entra em cena uma mulher amarga, porém decidida a se transformar radicalmente na chegada à meia-idade.
— Em determinado momento ela diz algo ao Robert que mexeu comigo: “quero salvar minha vida enquanto ainda tenho apreço por ela”. Mais tarde diz que “algumas vezes até pareço feliz, aí vejo seu carro na garagem e meu coração morre”. A Frances é de uma honestidade brutal. Mas talvez esta violência seja necessária para ela encontrar algum tipo de liberdade e satisfação.
A atriz vive há 19 anos com Matthew Broderick, 54, com quem divide uma casa milionária no West Village, três filhos (James, de 13 anos, e as gêmeas Marion e Tabitha, 7) e notória preferência por babás brasileiras (“os meninos falam o básico, obrigado, oi, tudo bem”, recita pausadamente, quase sem sotaque). Curiosamente, SJP e o protagonista de “Curtindo a vida adoidado” se casaram dias antes de ela gravar o piloto de “Sex and the city”.
Em grau menor do que o enfrentado na semana passada por Angelina Jolie e Brad Pitt, SJP e Broderick se viram há dois anos nos tabloides americanos quando seguidos boatos deram conta de uma separação fictícia. A atriz conta, inclusive, que marido e filho deram total apoio a seu retorno à televisão no papel de uma mulher decidida em redesenhar seu universo familiar. Depois de uma sequência de filmes sem grande sucesso de crítica — incluindo os dois “Sex and the city” — ela queria investigar na tevê o estado das uniões conjugais nos dias de hoje.
A inspiração veio da intimidade de um casal amigo: eles se diziam felizes com cada qual mantendo longos casos consensuais com outros parceiros. Era, diz a atriz, como se tivessem permissão para viver “uma realidade paralela”. Os diálogos começaram a sair do papel e decidiu-se pelo nome “The affair” (“O caso”), mas o rival Showtime lançou em 2014 um seriado com o mesmo título, acessível no Brasil pela Netflix.
— Mudamos então batismo e foco da série. Saí a campo e encontrei milhares de maneiras como casais passam por divórcios. Há os que se salvam mutuamente, os que seguem melhores amigos, as famílias destruídas, as crianças deixadas de lado, as declarações eufóricas de liberdade, as constatações de erros gigantescos, o desejo de se voltar no tempo. Ainda não sei em qual destes casos Frances e Robert se encontram, mas hei de descobrir — diz a atriz.
Fonte:Oglobo