“Foi Deus”. Esse é o nome do álbum que marca o início de uma nova fase na carreira de Rick Sollo. O cantor, que encerrou a dupla com Renner no início do ano, acaba de finalizar o trabalho que, além de canções inéditas, ainda traz participações especiais e regravações de clássicos sertanejos. O próprio Rick foi responsável por uma parte desses clássicos, compondo e cedendo para outros cantores gravarem. É o caso de “Só Da Você Na Minha Vida” e “Hoje Eu Sei”, que estouraram nas vozes de João Paulo & Daniel. Em “Foi Deus”, elas voltam como um medley, contando com a participação do próprio Daniel.
Rick também resgatou outro hit de sua autoria. “Eu Menti”, gravado por nomes como Chitãozinho & Xororó, Eduardo Costa e Milionário & José Rico. Repaginada, a música ganhou a participação de Gusttavo Lima. Outros destaques do álbum ficam por conta das participações do padre Fábio de Mello (“Sonho de Fé”), Marciano (“O Beijo do Adeus”), Rionegro & Solimões (“Vida Louca”), Bonni & Belluco (“Quando Escuto Um Modão”) e Chitãozinho & Xororó, no clássico caipira “Aurora do Mundo”. Apesar de buscar dar uma atualizada na sonoridade da maioria dessas músicas, Rick Sollo e seu diretor musical, Marquinhos Nascimento, optaram por não mexer na essência delas.
Nessa entrevista, Rick Sollo fala mais sobre o trabalho, traçando um panorama não só da nova fase de sua carreira – descrita por ele como um recomeço – como de outros assuntos relativos ao mercado musical. Entre elas, a volta do romantismo no sertanejo e os tão falados serviços de streaming.
Portal SUCESSO!: Rick, seu novo disco chega em um momento interessante, no qual vários artistas tem lançado trabalhos com clássicos sertanejos. Como você analisa esse movimento?
Rick Sollo: Acho que o mercado tá carente demais de coisa séria, tá precisando de grandes músicas, dos grandes sucessos sertanejos. O que eu vejo hoje é que os artistas acham muito mais fácil buscar a regravação de um clássico, do que criar um sucesso novo. Eu, particularmente, vejo isso com bons olhos, porque, independente de ser uma regravação, a partir do momento que um artista consegue dar uma cara nova para um sucesso do passado, automaticamente, ele está resgatando o verdadeiro valor da música sertaneja. Também acho que tem músicas novas boas, tem muita coisa legal rolando no mercado. Não vejo nenhuma super música, mas há boas músicas.
Outro fato curioso é o reestabelecimento do romantismo como principal vertente dentro do sertanejo. Virou fato comum a lista das mais tocadas ser dominada por canções românticas. Ao que você acha que se deve essa mudança?
Sou até suspeito para falar, pois minha essência vem do romantismo. Todo mundo sabe que dentro da dupla Rick & Renner, a gente sempre prezou muito pelo romantismo, apesar de viajarmos por outras tendências. Acho que o que está acontecendo hoje é o seguinte: as crianças viraram adolescentes, os adolescentes viraram jovens e os jovens, adultos. Consequentemente, essas pessoas perceberam que a música é muito mais do que dançar, do que balançar o corpo. Você precisa buscar um pouco mais de sentimento, alguma coisa mais tocante dentro da música. Aí, é inevitável as pessoas buscarem o amor, a paixão.
Com tanta gente boa no seu disco, a gente já fica imaginando todo mundo junto em um grande DVD. Tem algum plano nesse sentido?
Estou com a ideia de fazer um DVD chamado “Minha Obra, Minha Vida”. Não tem nada concreto ainda, mas esse CD é uma prévia do que vem por aí. Por enquanto, tudo não passa de especulação, ainda estamos estudando o que vamos fazer, até porque, nesse meio tempo, pintaram outras ideias. De qualquer forma, esse é um disco com participações, com releituras de grandes clássicos, mas também com boa parte das músicas inéditas. O que eu posso afirmar categoricamente é que trata-se de um disco muito sério. Ele não tem músicas dançantes, pode ter até um balanço, mas é para quem gosta de grandes músicas, para quem busca boas letras, bons arranjos.
Falando nisso, deu uma repaginada nessas músicas ou optou por manter os arranjos o mais próximo possível dos originais?
Tivemos que ser fieis em algumas músicas. Em “Aurora do Mundo”, por exemplo, o arranjo faz parte da identidade da música, então, não tem como buscar algo diferente. Mas, há releituras, como no caso de “Eu Menti”, em que mudamos bastante. Ela tem uma pegada mais gringa, buscamos uma sonoridade bem diferente, até porque a música já foi regravada várias vezes.
Entre as músicas mais novas do seu novo disco, pelo menos, duas já são conhecidas; o atual single, “Eu Amo Sim”, e “Perfeição”, que você compôs para sua esposa, tocou em seu casamento e ganhou clipe. Já há alguma aposta para próxima música de trabalho?
Acredito que a próxima música de trabalho poderá ser “Foi Deus”, que, apesar do nome, não tem nada de gospel. Ela fala de um amor forte, platônico e que foi Deus que colocou na minha vida. Se fosse hoje, trabalharia essa música. Mas, o disco tem várias opções, como a própria “Eu Menti”. Eu tô apaixonado por ela e, mesmo tendo sido tão regravada, acho que consegui fazer algo bem diferente e acredito que essa música tem tudo para voltar a tocar novamente.
Você pretende disponibilizar esse álbum em serviços de streaming? Qual é sua visão sobre essa forma de consumir música que tem se tornado cada vez mais popular?
Eu acho que tudo evoluiu tanto e a música não poderia ter ficado para trás. A única preocupação que tenho com relação a todas essas formas de ouvir música é a questão do que real, palpável. Até que ponto isso é bom para o artista e para a pessoa que consome. De qualquer forma, acho legal, pois vem para somar. Por isso, acho importante usar todas as plataformas para distribuir a música.
Imagino que entre essas questões está o repasse de direitos autorais. Você já recebeu algum pagamento proveniente do Spotify ou outro serviço do tipo? Se não, sabe como e quando isso se dará?
Se eu der qualquer opinião sobre o Spotify ou qualquer outro serviço parecido, será especulação, porque são coisas que não pesquisei a fundo. O que eu acho é o seguinte: a gente consegue fazer e viver de música no Brasil, porque somos guerreiros. Um artista como eu, que já tem mais de mil músicas gravadas, se as coisas fossem sérias, você estaria à frente de um dos artistas mais bem sucedidos financeiramente. Infelizmente, a gente perde muito com tudo nesse país.
Você encara essa nova fase da sua carreira como um recomeço ou uma sequencia do que já vinha fazendo?
Eu prefiro encarar como um recomeço, começar do zero. Porque, quando você coloca na cabeça que está recomeçando, sua tendência é buscar as raízes, onde e de que forma você começou. Apesar de que com o nome que tenho, o reconhecimento e respeito que o público e a mídia tem por mim, graças a Deus, não preciso provar mais nada. De qualquer forma, faço questão de trazer boas músicas, trabalhos sérios, de colocar coisas no mercado que tenham a ver comigo. Não que eu queira dizer ‘vocês não vão se decepcionar com isso ou aquilo’, mas acho que meu público espera uma continuidade nesse sentido. Conversando com o Daniel, ele me disse ‘hoje, tenho certeza que você é solo’. Eu também tenho certeza que tudo que acontecer na minha vida a partir de agora será totalmente solo. Estou vivenciando um momento maravilhoso de muito reconhecimento, trabalhando bem, com uma música entre as mais executadas. Estou muito ciente que Rick & Renner era uma coisa e o Rick Sollo é outra, por isso, estou muito a vontade.
Fonte: Portal Sucesso