
Justiça converteu prisão preventiva em domiciliar devido a um câncer.
Pecuarista foi preso na 21ª fase da operação em novembro de 2015.
O pecuarista José Carlos Bumlai, preso pela 21ª fase da Operação Lava Jato, deixou a cadeia na Região Metropolitana de Curitiba às 13h05 desta segunda-feira (21), de acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Paraná. Do Complexo Médico-Penal, em Pinhais, ele seguiu para a Justiça Federal para colocar tornozeleira eletrônica.
Durante três meses, ele ficará em prisão domiciliar sob monitoramento. Após este período, a Justiça deve reavaliar se o réu segue ou não em regime domiciliar.
Bumlai responde por corrupção passiva, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro perante a Justiça Federal. A 21ª fase da operação, deflagrada em novembro de 2015, recebeu o nome de “Passe Livre” devido à amizade entre o pecuarista e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que passou a ser investigado na 24ª etapa.
A prisão dele foi convertida de preventiva para domiciliar na sexta-feira (18) em virtude de umcâncer diagnosticado na bexiga. Os advogados de Bumlai alegaram que o cliente tem 71 anos e outras doenças crônicas.
Além disso, argumentaram que o ambiente carcerário não é adequado para o tratamento e por isso a transferência era necessária.
De acordo com a determinação judicial, Bumlai terá autorização apenas para saídas que envolvam intervenção cirúrgica, internação, aplicação de medicamentos, consultas e providências médicas em geral.
Sempre que algum destes procedimentos for necessário, os advogados de defesa deverão informar a Justiça Federal com antecedência.
Até esta segunda-feira, Bumlai estava detido no Complexo Médico-Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, onde outros presos da Lava Jato cumprem prisão preventiva e já começam a pagar penas por processos em que foram condenados.
O Complexo Médico-Legal recebe os doentes que precisam de internamento, os idosos e as gestantes do sistema prisional. Além disso, policiais e agentes penitenciários presos e detentos com curso superior também podem ficar no local. As informações são da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp).
Por motivos de segurança, os advogados do pecuarista preferiram não informar onde ele ficará neste período de prisão domiciliar.
Entenda as acusações contra Bumlai
O Ministério Público Federal (MPF) afirma que, em 2004, o Banco Schahin concedeu empréstimo de R$ 12 milhões a José Carlos Bumlai. O destinatário real seria, no entanto, o PT. Em tese, o empréstimo deveria ter sido pago até novembro de 2005, o que não ocorreu.
Em depoimento dado à Polícia Federal, em dezembro de 2015, o pecuarista confessou que houve fraude na quitação do empréstimo. Disse também acreditar que o dinheiro seria para pagar dívidas de campanha eleitoral em Campinas (SP) e para “caixa 2” do Partido dos Trabalhadores (PT).
O montante de R$ 12 milhões foi sendo corrigido para incorporar os encargos não pagos. Os valores foram quitados na sequência, após o Banco Schahin conceder empréstimo de R$ 18 milhões à empresa AgroCaieras, do próprio Bumlai.
Os valores do novo empréstimo, que ultrapassaram R$ 20 milhões, seguiram sem pagamento até janeiro de 2009, quando foi feito um contrato de venda de embriões de gado bovino das fazendas de Bumlai para empresas do Grupo Schahin.
Para a força-tarefa, contudo, a dívida foi paga com a contratação da Schahin para operar o navio sonda Vitória 10.000, da Petrobras.
Outra investigação da Lava Jato envolvendo o nome do pecuarista José Carlos Bumlai é a do Sítio Santa Bárbara em Atibaia (SP), frequentado por Lula e familiares. Segundo o Ministério Público Federal e a Polícia Federal, Bumlai e as empresas OAS e Odebrecht custearam uma reforma e a aquisição de móveis para a propriedade rural.
Fonte: G1