
A reprovação à forma de governar do presidente Michel Temer (PMDB) atingiu 73% em março, contra 64% da pesquisa realizada em dezembro de 2016. Mais do que as medidas econômicas “amargas”, a falta de controle de uma classe política que está na berlinda após as investigações da Polícia Federal e Ministério Público que levaram para o banco dos réus os intocáveis de até então.
Segundo a pesquisa, a popularidade do presidente caiu de 23% em dezembro/2016 para 17% em março/2017 e a rejeição subiu de 46% dez/2016 para 55%.
No comparativo com a ex-presidente, 41% dos entrevistados consideram o governo Temer pior, 38% consideram igual e apenas 18% consideram melhor que a gestão de Dilma Rousseff (PT).
A Pesquisa CNI-Ibope avalia trimestralmente a opinião pública no que diz respeito à administração federal e a temas de interesse da sociedade. A pesquisa revela a imagem do governo, do Presidente da República, e pretende fornecer à sociedade brasileira um acompanhamento do clima de opinião nacional a respeito de temas econômicos, políticos e sociais, além de embasar a criação de indicadores econômicos. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. A presente pesquisa foi realizada entre os dias 16 e 19 de março com 2 mil pessoas de 126 municípios.
Os projetos que tramitam num Congresso desacreditado, somado ao fato de diversos ministros e do próprio presidente estarem sob investigação policial e citados no judiciário, consolidam a desaprovação na forma de governar de Temer, que atingiu 73% em março, contra 64% de dez/2016.
Acompanhe no gráfico:
Para uma população que lentamente compreende sua importância numa democracia, seja através de manifestações ou do próprio voto, essa pesquisa coloca em alerta vermelho a classe política. Tratar assuntos espinhosos como as reformas da previdência e trabalhista, sem a confiança da população, aponta para uma revolução silenciosa a ser desencadeada nas urnas em 2018.
A “Ilha das Fantasias” do Distrito Federal parece estar sendo invadida pela constatação inequívoca da falência do voto de cabresto, ainda que, por exemplo, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) mesmo tendo renunciado ao mandato para evitar a cassação, retornou à cadeira por meio do voto popular.
A pesquisa é clara e indica que poucos “donos de pocilgas de votos” retornarão, ainda que sob o risco de serem “depostos” a mando de juízes e terminem seus mandatos em gabinetes menos confortáveis e gradeados. Talvez não se acostumem com a companhia de outros que não assessores e sem as gentilezas dos servidores que lhes atendem hoje.
Conforme dizia Tancredo Neves, prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém, portanto é bom ter uma boa leitura dessa pesquisa que é séria, diferente daquelas que lhes alimentam as campanhas apontando os índices que lhes agradam e direcionam a intenção de voto dos eleitores.
A pesquisa, formatada da maneira em que está, indica que a população tem como líquida e certa o prosseguimento da Operação Lava Jato, que resgatou de certa forma a confiabilidade no Judiciário. Segundo o levantamento as discussões sobre a reforma da Previdência Social foi citada por 26% dos entrevistados, bem à frente dos 9% que mencionaram discutir sobre notícias relacionadas à Lava Jato.