Reformas são campo fértil para chantagem
Por Ariel Moreira Publicado 6 de abril de 2017 às 11:28

O PTN foi o primeiro dos partidos a “peitar” o governo Temer, via ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, exigindo mais espaço, ou pequenos espaços perdidos no atual governo. O partido, com 13 deputados e nenhum senador, barganha espaços.

As reformas são campo fértil para barganhas que cheiram (ou beiram) a chantagem, em especial por parte dos partidos nanicos e sem representação.

Focar apenas na representação federal, não basta, é necessário que se faça um levantamento dos 5 561 municípios do país, suas coligações (como chamam os políticos), ou conchavos (como define a população).

E a reforma política? Nada, absolutamente nada muda.

Antes, mudava a b… ou mudavam as moscas, a atual reforma mantém a b… e reforça que as moscas sejam as mesmas.

Para um país que pretende e clama por renovação, a lista fechada é um golpe dentro de um golpe.

Primeiro golpe: a imposição do nome de Dilma Rousseff para a presidência alicerçada pelo auto índice de aprovação do presidente que saia, Luiz Inácio Lula da Silva;

Segundo golpe: deposição da presidente Dilma Rousseff. Chega a ser discutível porque, ainda que a petista tenha caído pela sua incapacidade de gerir um país, somado ao fato dos escândalos que vieram à tona durante a investigação da Operação Lava Jato, ainda assim é inconcebível que o “vice”, eleito na esteira dos mesmos programas, assuma o comando da Nação.

Terceiro golpe: o grupo dominante capitaneado por Michel Temer encaminha os diversos PECs (Projeto de Emenda Constitucional) para um Congresso desacreditado, fraco, eivado de denúncias. Último respiro do reinado antes da queda da Bastilha.

Outros pequenos golpes

Para impedir que a população, real e absoluto poder na Democracia, faça a reforma do Congresso por meio do voto – ainda que muita porcaria permaneça com o mandato na base da barganha, do coronelismo e outras, os mandatários buscam forma de blindar o status quo.

Lula e Dilma Rousseff acabaram com a economia, mas deixaram brechas (benvindas) que permitiram à Justiça, por meio de uma única equipe de promotores e juiz que, espera-se, estejam criando escola desbaratar o roubo ao erário e expôs a face mais cruel da política de barganhas. Agora, Temer quer acabar com a política blindando todos os envolvidos – e nesse balaio de gato a maior parte dos partidos está contida – permitindo via reforma política, que todos permaneçam com foro privilegiado.

Para recuperar a economia, joga a conta para a população, sem força política que lhe permita cobrar a imensa dívida da Previdência das empresas que lhes abastece as campanhas políticas e até dos partidos políticos.

Como pano de fundo abre discussões sobre os direitos dos trabalhadores, com a Reforma Trabalhista, indo do 8 aos 80, rompendo uma CLT (consolidação dos leis do trabalho) caquética e ultrapassada – 1946, para uma nova concepção de relações que joga no colo dos empresários um contingente de 13,5 milhões de desempregados em um pais de analfabetos funcionais como força de barganha e chantagem.

Combate à reviravolta

Observando, ressalte-se que a grande mudança da mentalidade brasileira se deu a partir da coragem do ex-ministro Joaquim Barbosa que levou a cabo o processo do Mensalão, mesmo contra os títeres do ex-presidente Lula.

Com a Lava Jato, espera-se que a população reaja ao efeito cascata de golpes dentro dos golpes e retome – ou pela primeira vez num país que tem seu mais longo período de democracia, portanto ainda nova e incipiente – o comando da Nação que se pretende Brasil.