
Pezão nega que pedido tenha sido motivado por protestos nos batalhões da PM
BRASÍLIA – As Forças Armadas começarão a atuar na região metropolitana do Rio de Janeiro nesta terça-feira, por determinação do presidente Michel Temer. Segundo o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, a ajuda deve seguir até depois do carnaval, que acontece na última semana de fevereiro. Mas ainda não há uma definição. Pezão quer que as Forças Armadas fiquem até o dia 5, cobrindo o fim de semana pós-carnaval. Já o Planalto defende que a atuação se encerre em 24 de fevereiro. Para que os militares possam desempenhar atividades de segurança pública, como policiamento das ruas, Temer precisa editar um decreto autorizando o emprego da tropa em Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Em Brasília para a reunião que decidiu sobre a adiamento da decisão do acordo financeiro pedido pelo estado do governo federal, Pezão negou que o pedido de ajuda seja uma medida de precaução diante da possibilidade de greve da Polícia Militar.
— A gente já tinha pedido há 21 dias. Ainda não tínhamos estipulado o prazo. A Força de Segurança Nacional já está no Rio de Janeiro há três semanas. A gente quer reforçar cada vez mais o policiamento – afirmou Pezão.
Segundo ele, o efetivo ainda está sendo definido pelo secretário de Segurança Pública do Rio, Roberto Sá, e pelo Comando Militar do Leste, que abrange os estados do Rio e Espírito Santo, e a maior parte de Minas Gerais. O governador também anunciou que, mesmo com dificuldade, pagará amanhã a folha salarial de toda a área de segurança.
Questionado se a segurança do Carnaval preocupa, Pezão respondeu:
— Sempre fica tranquilo, mas são mais de 2 milhões de pessoas na rua.
O pedido de GLO foi apresentado ao presidente pelo governador. Ele se encontrou com Temer na manhã desta segunda-feira, em reunião fechada no Palácio do Planalto. Na parte da tarde, o presidente decidiu autorizar o emprego das Forças Armadas para ajudar na segurança do Rio.
A área de atuação dos homens das Forças Armadas já está definido: a região metropolitana. O Ministério da Defesa discute ainda o tamanho do efetivo, o período do emprego dos militares, entre outros detalhes de logística.
Uma reunião será realizada na manhã de terça-feira no Comando Militar do Leste (CML), no centro do Rio, para fechar todos os detalhes. Em seguida, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, anunciará em coletiva o planejamento da operação. O CML tem jurisdição nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santos. Apesar de o governador negar, além do medo de uma greve da PM, outro foco de preocupações do governo são os protestos em frente à Assembleia Legislativa do Rio, com a votação do pacote de ajuste fiscal, que devem se intensificar.
Uma vantagem da GLO no Rio é a quantidade significativa de militares do Exército, Marinha e Aeronáutica lotada no estado. Com um efetivo razoável no local, não será preciso fazer deslocamentos para iniciar a operação.
O decreto de GLO poderá ser editado ainda nesta segunda-feira, em edição extra do Diário Oficial da União, ou na edição de amanhã. Somente com a autorização devidamente publicada, os homens podem iniciar a operação.
Os militares vão se somar aos homens da Força Nacional de Segurança Pública que já estão no estado do Rio e atuaram nas manifestações em frente à Assembleia Legislativa na última semana. Como é formada por policiais militares, bombeiros e policiais civis de vários estados, a Força tem competência para atuar no policiamento ostensivo, diferentemente dos militares, que dependem da GLO.
Fonte: O Globo