As musas de São Paulo contaram ao G1 o que pensam sobre cantadas.
Campanha ‘Chega de fiu-fiu’ quer acabar com assédio em locais públicos.
Elas são uns dos maiores símbolos da beleza e sensualidade da mulher brasileira. Desfilam com muito brilho e decote no sambódromo durante o carnaval e são alvos de muitos olhares quando estão à frente da bateria de suas escolas. Mas o que pensam as rainhas de bateria de São Paulo sobre o “fiu-fiu” no sambódromo e nas ruas? Qual é o limite em que olhares, sorrisos e cantadas dos admiradores passam a ser sentidos como um assédio?
O G1 conversou com elas, contou sobre o movimento “Chega de fiu-fiu” e perguntou o que elas acham. A campanha foi criada pela ONG Think Olga e tem como objetivo o fim do assédio em locais públicos.
Na avenida, as rainhas concordaram que o olhar e a cantada são diferentes do que elas escutam nas ruas. “Ao mesmo tempo em que tem a sensualidade, as pessoas ficam com aquele olhar de deslumbramento. Então é um olhar completamente diferente”, disse Ellen Rocche, rainha de bateria da Rosas de Ouro. “A avenida tem essa coisa da magia”.
Tati Minerato, rainha da Gaviões da Fiel, acha que o “fiu-fiu” nos desfiles “faz parte”. “Na avenida tudo bem, porque a gente está mesmo sensual, com uma roupa mais ousada, e a gente quer mesmo confete, aplauso, tudo isso”.
Aline Oliveira, da Mocidade Alegre, concorda: “Durante o desfile é normal e dá moral para a gente sambar mais”. A rainha de bateria da Unidos de Vila Maria, Bruna Fonseca, também disse que na avenida não se incomoda. “A gente assume, não só eu, mas as musas, os destaques, a gente assume um papel de um personagem né”, argumenta.
Já nas ruas, a opinião das rainhas é praticamente unânime: as cantadas não são bem-vindas. “Sinto dizer a todos os homens que isso é lamentável pra quem acha que isso é elogio”, disse Simone Sampaio, rainha de bateria da Dragões da Real.
Aline Riscado, rainha da Acadêmicos do Tucuruvi, disse que o respeito é importante em qualquer lugar. “Quando falta com o respeito pode ser na avenida, pode ser num ensaio fotográfico, pode ser de qualquer forma que é constrangedor, acho que nenhuma mulher gosta”.
Aline ainda contou sobre uma situação em um shopping na qual ela foi atrás do homem tirar satisfações. Ele se assustou, pediu desculpas, e “quase fugiu”, segundo ela. “Os homens na verdade que fazem isso são covardes, eles acham que a gente nunca vai reagir e que nós somos mais fracas do que eles”.
Ellen Rocche disse que, quando a mulher começa a se questionar se a culpa é dela ou da roupa que veste, é porque a cantada já virou assédio e agressão. “Isso é muito sério, porque tem um monte de mulher que é estuprada ou sofre assédio no trabalho e que acha que é culpada”.
Fonte: G1