Quem venceu a partida entre Corinthians e São Paulo foi Rodrigo Caio
Por Ariel Moreira Publicado 17 de abril de 2017 às 11:36

Nessa coisa conturbada do futebol e da vida pública no Brasil, ainda que seja intensa a rivalidade entre times e torcidas de Corinthians e São Paulo, ainda que seja improvável uma atitude de ÉTICA, o zagueiro são-paulino Rodrigo Caio fugiu aos estereótipos e demonstrou rara dignidade.

Em lance aos 39 minutos da primeira etapa do clássico o zagueiro teve um gesto que deve servir de exemplo para torcedores e jogadores do mundo todo. O atacante Jô, Corinthians, recebeu cartão amarelo por, supostamente, haver atingido o goleiro Renan Ribeiro, do São Paulo, que ficou se contorcendo no chão.

O toque, no entanto, foi dado pelo zagueiro são-paulino e não pelo atacante corintiano. O árbitro Luiz Flávio de Oliveira aplicou cartão amarelo para Jô, seria o terceiro e o deixaria de fora da volta.

Rodrigo Caio avisou o árbitro que fora ele que pisara em seu companheiro. Luiz Flávio de Oliveira retirou o cartão de Jô que o aplaudiu por sua atitude.

Embasbacados

Tanto quanto a atitude de Rodrigo, causou estranheza o fato de comentaristas esportivos estranharem a atitude do atleta. Também causa espanto toda a repercussão do fato em nossa imprensa repercutir um fato que seria banal e corriqueiro, não fosse nesse emaranhado de distorções éticas à qual estamos, infelizmente, nos acostumando.

Balde de água fria

Até mesmo atletas e ex-atletas que cometeram atitudes exacerbadas, reverenciaram a postura de Rodrigo Caio, que deve, efetivamente, ser elogiada. Balde de água fria nas violências e malandragens perniciosas que rondam o futebol.

Essa mesma malandragem é parte do futebol, com suas rusgas e enfrentamentos que não sobrevivem além das quatro linhas do gramado, mas que vivem sendo assunto para os “analistas de futebol” que sequer deram um chute e mal conhecem a bola, mas formados como jornalistas-comentaristas esportivos.

O futebol, bem como tantos outros esportes, é outra coisa. Falta a vocês entenderem isso. Falta compreender que “criar fatos” pode lhes dar leitores, mas não lhes dá credibilidade. Quem nunca pisou num gramado, numa quadra poliesportiva, mas detém grande conhecimento teórico, nem sempre é o dono da razão e da “moralidade” que se exige.

Rodrigo Caio foi profissional e deu um ensinamento de caráter aos companheiros de profissão. E que exemplo, reconhecido por todos os companheiros de profissão. Benção nesse momento de tantas denúncias de falcatruas.