Professores das redes públicas de Mato Grosso do Sul e de Campo Grande dão início, após o Carnaval, às negociações visando ao reajuste salarial de 2017 –com tratativas, baseadas em leis locais, visando à equiparação com o piso nacional do magistério e sua correção anual. Mesmo diante de um cenário pouco otimista, no qual tanto o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) como o prefeito Marquinhos Trad (PSD) afirmam não haver recursos para as majorações, as categorias acreditam em um consenso.
O presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), Roberto Botareli, disse que as negociações incluem a efetivação do reajuste de 7,65%, relativos ao piso nacional, e que era esperada em janeiro, e de 4,37%, a ser aplicado em outubro. Uma primeira conversa era aguardada para o dia 20. “Temos uma assembleia para 7 de março. Caso o governo não pague o reajuste, debateremos o que fazer”, disse o sindicalista, admitindo a possibilidade de paralisação caso o pleito da categoria não seja atendido.
Diante da crise na arrecadação estadual e da instituição de um teto de gastos exigido na renegociação das dívidas com a União, o governo trata com cautela a possibilidade de corrigir salários dos servidores –na quarta-feira, uma reunião entre representantes do Executivo e sindicalistas se concentrou no fornecimento de dados sobre a situação das finanças do Estado e em responder dúvidas quanto às reformas administrativa e previdenciária.
Presidente da ACP se diz tranquilo e afirma ter diálogo com o Paço
Em Campo Grande, o presidente da ACP (Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública), Lucílio Nobre, disse que a entidade está tranquila quanto às negociações, mesmo diante de declarações de Marquinhos Trad sobre a impossibilidade de conceder reajuste salarial. Para ele, as conversas estão bem encaminhadas.
Na quarta-feira (1º), às 8h, está prevista uma reunião entre representantes da ACP e da prefeitura para tratar do tema. “Não vamos nos precipitar em nenhum tipo de declaração porque estamos com o diálogo aberto [com o Executivo da Capital]. Acreditamos que ele [prefeito] vai honrar o compromisso”, conta Lucílio.
‘Só dou se tiver dinheiro’, afirma prefeito sobre reajustes salariais
Marquinhos disse na manhã de ontem (23), durante a reabertura da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Vila Almeida –oeste da Capital–, que a situação financeira da prefeitura não é simples, e que o atual saldo financeiro não permite que se concedam reajustes ao funcionalismo. “Se eu não tiver condição de dar, eu não vou dar”, afirmou.
Questionado sobre possíveis paralisações, Marquinhos declarou ser este um direito das classes. “Aquele que teme manifestações não serve para ser administrador. Você tem de ter posição e explicar. Se eles entenderem ou protestarem, estarão no direito deles.”
O secretário municipal de Finanças, Pedro Pedrossian Neto, reforçou que o município opera acima do limite prudencial para gastos com pessoal previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal e um pouco abaixo do teto máximo, de 54% da receita corrente líquida –receita menos obrigações constitucionais. “Estamos na beira do precipício”, alertou.
Fonte: O Estado/Luis Vilela Assumpção, Mauro Silva e Humberto Marques