Presidente do TCE-RJ é levado a depor por agentes da PF
Por Redação Publicado 13 de dezembro de 2016 às 09:22

Jonas Lopes de Carvalho é acusado de receber propina para não incomodar empreiteiras

RIO — A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira, uma operação que investiga o presidente do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ), Jonas Lopes de Carvalho, alvo de um mandado de condução coercitiva. A informação foi antecipada pelo colunista Lauro Jardim. O filho do presidente, Jonas Lopes Júnior, e Jorge Luiz Mendes Pereira da Silva, o Doda, apontado como operador de Lopes, também foram levados a depor. As três conduções coercitivas foram determinadas pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Felix Fischer. Os policiais federais cumprem, ainda, dez mandados de busca e apreensão.

Deflagrada pelo braço da Lava-Jato no Rio sob orientação da Procuradoria-Geral da República, a operação foi denominada Descontrole. Segundo a PF, a operação investiga crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Jonas Lopes foi citado em delações de executivos da Andrade Gutierrez, como mostrou o GLOBO em novembro. Segundo os delatores, Lopes foi um dos favorecidos pelo esquema de pagamentos paralelos nas grandes obras do governo fluminense, revelado pela Operação Calicute, que prendeu o ex-governador do Rio Sérgio Cabral e outras sete pessoas. Um dos operadores investigados seria Jorge Luiz Mendes Pereira da Silva, o Doda, que teria a função de fazer a ligação do órgão com as empreiteiras.

Para não serem incomodadas pelo TCE, órgão encarregado da fiscalizar os gastos do governo fluminense, as empreiteiras pagavam uma caixinha de 1% do valor dos contratos, supostamente repartida entre conselheiros, afirmaram os delatores da investigação. Um dos delatores, Ricardo Pernambuco Júnior, acionista da Carioca Engenharia, citou nominalmente o presidente do TCE como negociador direto do pagamento da propina. Jonas Lopes Carvalho teria cobrado cinco parcelas de R$ 200 mil da empreiteira.

Em novembro, o TCE afirmou, em nota, repudiar “as calúnias relativas à sua atuação, feitas por executivos em delações premiadas no âmbito da Operação Lava-Jato”. Segundo o tribunal, a Corte vinha sendo alvo de “maldosas especulações, que foram repelidas administrativa e judicialmente”. E dizia que “as empresas envolvidas na Operação Lava-Jato vêm sendo duramente incomodadas e penalizadas pelas decisões do plenário deste tribunal”.

Fonte: O Globo