Prefeitura terá observatório para mapear violência e criar políticas públicas para mulheres
Por Redação Publicado 24 de novembro de 2017 às 11:12

A Prefeitura de Campo Grande, por meio da Subsecretaria de Políticas para Mulher (Semu), divulga na próxima segunda-feira (27.11), na Casa da Mulher Brasileira, a partir das 9 horas, diversas ações voltadas às políticas de combate à violência contra as mulheres. A iniciativa marca a Campanha “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, que teve sua primeira edição em 1991 e já conquistou a adesão de 160 países.

Entre as atividades programadas está a Transferência do Patrimônio Público da União da Casa da Mulher Brasileira para a Prefeitura Municipal de Campo Grande. O Governo Federal, representado pelo superintendente do Patrimônio da União Marcos Sérgio Costa transfere, oficialmente, o prédio e bens patrimoniais em uso na Casa da Mulher Brasileira para a Prefeitura Municipal de Campo Grande que passa a ter posse e responsabilidade, em definitivo, pelo patrimônio.

Outra ação prevista será o lançamento oficial da Campanha “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Mulheres”. Em solenidade, a subsecretária de Políticas para Mulher, Carla Stephanini, divulgará as atividades do calendário alusivas aos “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”.

O evento contará, ainda, com a o Lançamento do Observatório da Violência contra a Mulher em Campo Grande. O Observatório, em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), o primeiro a se estruturar no Estado, tem como propósito mapear, registrar e interpretar as situações de violência contra a mulher. A intenção é proporcionar subsídios necessários à formulação de uma política pública para mulheres de forma eficaz e eficiente.

Blitz educativa

Uma blitz educativa alusiva à campanha aconteceu nesta manhã, na Avenida Afonso Pena esquina com a Rua 14 de Julho, onde foram distribuídos panfletos informativos sobre a violência e os canais de denúncia. Os 16 Dias de Ativismo representam um trabalho de prevenção e de estímulo à denúncia.

A subsecretária municipal de Políticas para a Mulher, Carla Stephanini destaca que as mulheres merecem e precisam viver uma vida sem violência onde seus direitos sejam respeitados.

Campanha contra o machismo

Neste sentido, o tema abordado durante a blitz de hoje foi o fim do machismo.  A ação teve a finalidade de provocar uma reflexão sobre a importância de vivermos em uma sociedade mais igualitária a partir do momento em que mulheres e homens desfrutarem das mesmas condições e, para isso, é necessário desconstruir a cultura do machismo, do sexismo e da superioridade masculina.

Neste ano, a campanha “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres” pretende mostrar que as atitudes machistas maltratam, machucam e até matam as mulheres. “Essa realidade será mostrada e debatida visando reduzir a agressão contra as mulheres que continua a crescer, apesar das leis de proteção e punição. Por culta do machismo, um terço da população brasileira culpa a mulher pelas violências sofridas”, chama atenção a titular da Semu.

Carla lembra que os números da violência contra mulheres em Campo Grande são alarmantes. De março a outubro deste ano foram 13 casos de feminicídio tentados e cinco casos consumados na Capital. Já as ocorrências das mais diversas formas de crimes praticados contra as mulheres ultrapassaram as 5,3 mil denúncias.

“Os número são significativos e justificam todo o nosso esforço para atuar no enfrentamento a todo tipo de violência contra a mulher. Além de agirmos no sentido da prevenção e de encorajar as mulheres a denunciarem, nós temos os mecanismos de proteção a elas, a começar pela Lei Maria da penha e toda a rede de proteção que funciona 24 horas na Casa da Mulher Brasileira. Somos o único no país que nunca fecha”, lembra a subsecretária. Os serviços na Casa da Mulher, que inclui a Deam, Ministério Público, Defensoria Pública, patrulha Maria da Penha, Funsat e demais serviços de apoio e proteção, além do acolhimento psicosocial, estão à disposição das mulheres 24 horas durante os 365 dias do ano.

A aposentada Elvira Alves, de 79 anos, considera importante campanhas informativas como esta de hoje na Afonso Pena já que, segundo ela, as mulheres em sua maioria têm medo de denunciar a agressão sofrida e sofrerem as consequências depois por parte do agressor. “Por incrível que pareça a maioria de nós não sabe que existe essa rede de serviços”.

Já a assistente social Caroline Ribeiro, de 30 anos, disse que a grande maioria das mulheres vítimas de violência se fecha por causa do medo. “A gente sempre sabe de casos de mulheres que são vítimas de violência e que não denunciam porque têm medo do homem se vingar depois. Isso é muito triste: a mulher ter medo do homem. Como podem as mulheres se intimidarem pela força braçal. Mas infelizmente é a realidade para uma grande parte das pessoas”, ressalta.

Sobre os “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”.

Trata-se de uma mobilização de abrangência mundial que tem início em 25 de novembro, Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher e termina em 10 de dezembro de cada ano, dia que se comemora o Dia Internacional dos Direitos Humanos.

No Brasil, a Campanha começou em 2003 e as atividades começam em 20 de novembro, dia da Consciência Negra, para dar destaque à discriminação vivenciada pelas mulheres negras.

São diversos segmentos que aderem a Campanha em demonstração de engajamento com a luta pela não violência.