
Com o objetivo de garantir assento na Mesa Diretora da Casa a partir de fevereiro, quando haverá nova eleição, legendas têm negociado apoio a adversários.
Com a corrida pela presidência da Câmara e a proximidade da eleição interna, os partidos iniciaram uma disputa pelos cargos da Mesa Diretora e o pragmatismo passou a dominar a busca por alianças políticas na Casa.
A eleição para presidente da Câmara está marcada para 2 de fevereiro e estão em jogo, ao todo, 11 cargos no comando da Casa. Os cargos deverão ser ocupados pelos próximos dois anos e a função dos deputados indicados é tocar o dia a dia da Câmara política e administrativamente.
Opositor ao governo Michel Temer e ministro das Comunicações na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff, André Figueiredo (PDT-CE), por exemplo, é pré-candidato e ainda tenta convencer PT e PCdoB, também da oposição, a apoiá-lo. Parte das bancadas, porém, estuda apoiar a possível candidatura à reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ), aliado do Palácio do Planalto e que votou a favor do impeachment de Dilma no ano passado.
A articulação já gerou críticas de aliados do PT. Ministro da Integração Nacional no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro Gomes (PDT-CE), por exemplo, postou no Facebook nesta semana que “não quer acreditar” que o PT apoiará Rodrigo Maia:
Na mesma linha, o próprio André Figueiredo chegou a dizer que, para ele, é uma “grande incoerência” partidos que fazem oposição ao Palácio do Planalto apoiarem um aliado de Michel Temer.
Para o novo líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), contudo, as conversas da legenda com Rodrigo Maia não significam precisamente um “problema”. Ele ressaltou ao G1 que o PT já teve presidentes da Câmara que receberam votos de siglas adversárias.
Na avaliação do deputado, é “importante” o PT garantir espaço na nova Mesa Diretora, até mesmo para ter mais força como oposição a Temer.
Nesta semana, Zarattini esteve no ato de lançamento da candidatura de Jovair Arantes (PTB-GO) à presidência da Câmara. Jovair foi o relator do impeachment de Dilma na Câmara e recomendou o prosseguimento do processo por considerar que ela havia cometido crime de responsabilidade.
No caso do PCdoB, o partido também estuda apoiar a possível candidatura de Rodrigo Maia. A decisão, contudo, só deverá ser tomada no próximo dia 17 (assim como no caso do PT). O líder do partido, Daniel Almeida (BA), disse ao G1 que Maia é o candidato com maior chance de harmonizar a Casa.
Ele afirmou, ainda, que vai buscar formar aliança com siglas que tenham tamanhos semelhantes de bancada, independentemente da posição política. Os blocos podem ser desfeitos após a eleição.
Também oposição ao governo de Michel Temer, o PSOL, que não integrava a base de Dilma, mas votou contra o impeachment, critica a aproximação de legendas com ideologias distintas em troca de apoio mútuo, segundo o líder, Ivan Valente (SP).
“Eu sou contrário [a esse tipo de aliança]. Acho que os partidos, particularmente o PT, que era do governo, e também outros que apoiavam a Dilma [Rousseff], o que não era o nosso caso, ao apoiarem a candidatura de quem ajudou a fazer essa ruptura institucional [impeachment], me parece que confunde bastante não só a sociedade civil, mas a sua própria militância. Acho que não vale a pena, em nome de cargos, de pequenos espaços, perder a identidade”, afirmou.
Para Ivan Valente, este é o momento de os partidos de oposição, como o PT, reafirmarem o posicionamento deles contra o governo Temer e às legendas que o sustentam no Congresso.
Centrão
Composto por partidos conservadores de centro-direita que apoiam o governo Temer, o Centrão também está dividido, isso porque há, pelo menos, dois deputados do bloco interessados em assumir a presidência da Câmara: Rogério Rosso (PSD-DF) e Jovair Arantes (PTB-GO).
Parte das siglas do Centrão, porém, já articula nos bastidores não apoiar nenhum dos dois e, em busca de cargos na Mesa Diretora, negocia com outros deputados.
O PR, por exemplo, decidiu apoiar Rodrigo Maia, segundo afirmou ao G1 o líder do partido, Aelton Freitas (MG). “Não tem jeito de fazer omeletes sem quebrar ovos”, disse o deputado, ao justificar a decisão de não apoiar um integrante do Centrão.
Oficialmente, Maia ainda não se disse candidato, mas já iniciou uma espécie de campanha informal e declarou que “caminha” para disputar a reeleição.
Fonte: G1