A poluição nas águas do Rio de Janeiro, cidade que recebe a quarta etapa do Circuito Mundial de surfe, ainda é motivo de preocupação. Por conta do despejo irregular de esgoto no canto esquerdo da praia de São Conrado, local que seria palco alternativo do evento e um desejo antigo dos surfistas, a organização da Liga Mundial de Surfe (WSL) optou por por um “plano B”, incluindo o Meio da Barra, entre os postos 6 a 7 da praia da Barra da Tijuca. O palco principal permanece no Postinho, logo ao lado, embora as condições ainda estejam longe do ideal. A situação alarmante e ilustrada em fotos, que mostram uma mancha de coloração marrom se espalhando pelo mar azul, não tem agradado os atletas que que fazem parte da elite do surfe mundial. Segundo relatório do Instituto Estadual do Ambiente (Inea-RJ), o mar neste trecho está impróprio para banho. Biólogo especializado em gerenciamento de ecossistemas e poluição, Mário Moscatelli afirmou que os surfistas poderão correr riscos de saúde.
– Não posso comentar esta situação, mas sei que existe um problema. Surfei no ano passado em São Conrado e estava muito ruim – limitou-se a dizer Kelly Slater, 11 vezes campeão do mundo.
A janela do Rio Pro foi aberta nesta segunda-feira, porém, a falta de boas ondas causou o primeiro lay day da disputa no Postinho. A próxima chamada para a tentativa de abertura do evento será nesta terça, às 7h (de Brasília).
Líder do ranking mundial, Adriano de Souza, o Mineirinho, admite estar descontente com a situação, mas respeita a posição da WSL. O paulista do Guarujá está há dez dias treinando na capital fluminense e contou que reparou na poluição, embora não queira denegrir a imagem da cidade que considera tão especial. Depois de vencer o Rio, em 2011, ele colocou o Brasil pela primeira vez no topo do mundo, sendo um dos responsáveis por abrir os caminhos para o histórico título de Gabriel Medina, no ano passado.
– Para ser honesto, eu reparei na poluição. Realmente a água não está da forma que é o Rio de Janeiro, mas temos que encarar da mesma forma e treinar. Não posso falar mal do Rio, que recebe uma etapa muito especial para mim. É claro que existem outras milhares de praias, mas o meu foco está aqui no Postinho. O Rio é a cidade que gera toda a estrutura para você estar na elite e prestigia esse campeonato. É uma honra ter vencido aqui e conhecer o caminho das pedras, mas muitos estão em busca desse título – disse Mineirinho, campeão em Margaret River e vice em Bells Beach, na Austrália.
Segundo a organização do evento, a disputa só voltará a São Conrado quando as obras do programa “Sena Limpa São Conrado” terminarem, o que está previsto para o primeiro trimestre de 2016. O projeto visa modernizar o sistema de esgoto sanitário da Bacia de São Conrado, tornando as águas mais limpas. Apesar de ter lamentado o fato de o campeonato não poder ser mais realizado no pé da Rocinha e do Vidigal, onde as ondas são fortes e tubulares, Filipe Toledo elogiou as condições do novo palco alternativo, na altura do posto 6.
– A onda em São Conrado é um pouco melhor. Não tem tanta diferença, mas, devido à poluição, infelizmente eles não puderam colocar o segundo palanque lá. Deixaram no Meio da Barra, que tem uma condição boa, mas, se aqui der onda boa, será um show para a galera assistir. Espero que todos tenham um ótimo desempenho – disse Toledo.
O Brasil será representado por nove surfistas na etapa brasileira do Tour. Além de Mineirinho, Filipinho e do atual campeão mundial, Gabriel Medina, o “Brazilian Storm” contará com Miguel Pupo, Jadson André, Wiggolly Dantas, Ítalo Ferreira, Alejo Muniz e Alex Ribeiro.
confira as baterias da 1ª fase do rio pro
1. Taj Burrow (AUS) x Jeremy Flores (FRA) x Brett Simpson (EUA)
2. Kelly Slater (EUA) x Adrian Buchan (AUS) x Ricardo Christie (NZL)
3. John John Florence (HAV) x Wiggolly Dantas (BRA) x CJ Hobgood (EUA)
4. Gabriel Medina (BRA) x Freddy Patacchia Jr. (HAV) x Alejo Muniz (BRA)
5. Mick Fanning (AUS) x Ítalo Ferreira (BRA) x Alex Ribeiro (BRA)
6. Adriano de Souza (BRA) x Kai Otton (AUS) x David do Carmo (BRA)
7. Josh Kerr (AUS) x Jadson André (BRA) x Dusty Payne (HAV)
8. Jordy Smith (AFS) x Sebastian Zietz (HAV) x Keanu Asing (HAV)
9. Nat Young (EUA) x Bede Durbidge (AUS) x Glenn Hall (IRL)
10. Filipe Toledo (BRA) x Kolohe Andino (EUA) x Adam Melling (AUS)
11. Julian Wilson (AUS) x Miguel Pupo (BRA) x Matt Banting (AUS)
12. Joel Parkinson (AUS) x Owen Wright (AUS) x Matt Wilkinson (AUS)
Fonte: Globo Esporte/Por Carol Fontes, David Abramvezt e Felipe Siqueira/RJ