Polícia venezuelana dispersa marcha opositora e impede acesso ao Parlamento
Por Ariel Moreira Publicado 4 de abril de 2017 às 17:50

A Guarda Nacional Bolivariana da Venezuela dispersou nesta terça-feira (4) com gás lacrimogêneo e balas de borracha uma manifestação de dezenas de opositores que tentavam marchar rumo ao Parlamento em apoio à destituição dos magistrados do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), segundo constatou a Agência EFE.

Deputados opositores afirmaram inclusive que grupos armados dispararam contra os manifestantes,que se mobilizavam na principal artéria viária de Caracas que leva à Assembleia Nacional (AN), depois que a polícia os desviou de sua rota original.

O presidente da Assembleia, Julio Borges, afirmou aos jornalistas que o governo tenta impedir que a maioria dos deputados participe da sessão parlamentar de hoje. Também acusou o governo do presidente Nicolás Maduro de tentar impedir com “repressão” que a AN realize a sessão contra os magistrados do TSJ que, segundo ele, deram um “golpe de Estado” ao afastar a Câmara de suas funções em uma sentença da qual depois suprimiramu alguns pontos.

Pimenta nos opositores

“Acabam de nos jogar gás de pimenta, estamos saindo agora, mas a ideia é voltar a insistir para passar”, ressaltou Borges na Avenida Libertador, em Caracas, palco da manifestação. Segundo a agência Efe a Polícia Bolivariana borrifou gás pimenta nos deputados que se encontravam no local, assim como no duas vezes candidato à presidência da Venezuela, Henrique Capriles e em outros dirigentes oposicionistas.

O parlamentar Miguel Pizarro lamentou que as autoridades sigam “reprimindo e perseguindo as pessoas” e afirmou que ele e outros deputados tentaram “mediar” e “falar” com os funcionários, mas  a resposta da polícia “foi gás pimenta na nossa cara”. Segundo Pizarro, os funcionários dizem que têm “ordens superiores” de não deixar passar ninguém.

“É golpe”

Embora as autoridades não tenham deixado os opositores chegar ao centro da cidade, onde se encontra o Palácio Federal Legislativo, estes se espalharam em várias direções e asseguram que buscarão todas as vias para chegar a seu destino.

Na semana passada, o Supremo venezuelano emitiu sentenças nas quais assumia as funções da Assembleia – de maioria opositora -, que limitavam a imunidade parlamentar e, além disso, afastavam o ente legislador de suas funções. Embora o Supremo tenha suprimido alguns pontos destas sentenças, a oposição qualificou suas ações como “golpe de Estado”, e anunciou que realizaria uma sessão nesta terça-feira para destituir os magistrados que emitiram estas decisões.

Disparos

O deputado Tomás Guanipa, do partido Primeiro Justiça (PJ), e a esposa do político opositor preso Leopoldo López, Lilian Tintori, relataram no Twitter que, enquanto caminhavam pelas ruas de Caracas, foram atacados por pessoas armadas.  O prefeito do município de Chacao, Ramón Muchacho, informou que nove pessoas ficaram feridas na manifestação, entre elas oito com politraumatismos e uma por ferimento de bala.

O parlamentar José Manuel Olivares, também do PJ, falou igualmente de disparos por parte dos grupos armados, os quais relacionou com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

Fonte:Agência Brasil