Planalto diz que denúncias contra Temer estão ‘recheadas de absurdos’
Por André Farinha Publicado 14 de setembro de 2017 às 19:30

Acusado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de organização criminosa e obstrução de justiça, o presidente da República, Michel Temer (PMDB), através do Palácio do Planalto, divulgou uma nota oficial na noite desta quinta-feira (14) onde classifica a nova denúncia em seu desfavor como sendo ‘recheada de absurdos’ e cita ainda que o procurador, com a nova acusação, “tenta criar fatos para encobrir a necessidade urgente de investigação sobre pessoas que integraram sua equipe”.

Está é a última denúncia de Janot contra o presidente, já que no domingo (17) ele deixa o cargo após cumprir dois mandatos consecutivos. Também nesta semana, o Procurador-Geral da República enfrentou os ministros do Superior Tribunal Federal (STF) após ser acusado por Temer de perseguição pessoal, mas todos os noves ministros presentes na sessão votaram pela permanência dele a frente das investigações contra o peemedebista.

Nesta nova denúncia, Janot também denunciou os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco(Secretaria-Geral); os ex-ministros Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e Henrique Eduardo Alves (Turismo); o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ); e o ex-assessor de Temer Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). Todos acusados de organização criminosa. O Procurador ainda denunciou, por obstrução de Justiça, Joesley Batista e Ricardo Saud, cujos acordos de delação foram rescindidos pela PGR.

É sempre bom lembrar que o Supremo só poderá analisar a acusação do Ministério Público se a Câmara dos Deputados autorizar. Recentemente, os deputados federais rejeitaram uma investigação contra Michel Temer. Já com relação aos demais acusados, o ministro Edson Fachin, relator, decidirá sobre o prosseguimento somente quando o processo retornar ao Supremo.

Veja a nota oficial da Presidência da República sobre a nova denúncia contra o presidente Temer

O procurador-geral da República continua sua marcha irresponsável para encobrir suas próprias falhas. Ignora deliberadamente as graves suspeitas que fragilizam as delações sobre as quais se baseou para formular a segunda denúncia contra o presidente da República, Michel Temer. Finge não ver os problemas de falta de credibilidade de testemunhas, a ausência de nexo entre as narrativas e as incoerências produzidas pela própria investigação, apressada e açodada.

Ao fazer esse movimento, tenta criar fatos para encobrir a necessidade urgente de investigação sobre pessoas que integraram sua equipe e em relação às quais há indícios consistentes de terem direcionado delações e, portanto, as investigações. Ao não cumprir com obrigações mínimas de cuidado e zelo em seu trabalho, por incompetência ou incúria, coloca em risco o instituto da delação premiada. Ao aceitar depoimentos falsos e mentirosos, instituiu a delação fraudada. Nela, o crime compensa. Embustes, ardis e falcatruas passaram a ser a regra para que se roube a tranquilidade institucional do país.

A segunda denúncia é recheada de absurdos. Fala de pagamentos em contas no exterior ao presidente sem demonstrar a existência de conta do presidente em outro país. Transforma contribuição lícita de campanha em ilícita, mistura fatos e confunde para tentar ganhar ares de verdade. É realismo fantástico em estado puro.

O presidente tem certeza de que, ao final de todo esse processo, prevalecerá a verdade e, não mais, versões, fantasias e ilações. O governo poderá então se dedicar ainda mais a enfrentar os problemas reais do Brasil.