PF realiza 2ª fase da operação Greenfield, que investiga fraudes em fundos de pensão
Por Redação Publicado 8 de março de 2017 às 12:07

Quatro dos maiores fundos de pensão do país são investigados. O prejuízo estimado é de R$ 1,7 bilhão.

A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) realizam nesta quarta-feira (8) a 2ª fase da operação Greenfield, que investiga irregularidades em quatro dos maiores fundos de pensão do país, todos ligados a estatais. O prejuízo causado aos fundos está estimado em R$ 1,7 bilhão, segundo a PF.

Os policiais cumprem cinco medidas judiciais em São Paulo e duas no Mato Grosso do Sul. No estado de São Paulo, um mandado de busca e apreensão é realizado na capital. Em Andradina, no interior, a polícia cumpre três mandados de busca e apreensão e um de prisão temporária.

O alvo do mandado de prisão é o empresário Mário Celso Lopes. A PF também realiza mandados de busca e apreensão nos seus imóveis e de seu filho, Mário Celso Lincoln Lopes. Eles são sócios da empresa Eucalipto Brasil, que fica em Andradina.

A polícia quer recolher provas de que os envolvidos cometeram fraudes em Fundos de Pensão que realizaram investimentos no Fundo de Investimentos em Participação (FIP) Florestal. O FIP teria recebido um aporte de cerca de R$ 550 milhões dos fundos de pensão Petros e Funcef.

Investigações revelaram que Mário Celso Lopes participou da constituição da FIP Florestal. Na época, o empresário era o principal sócio da MCL Empreendimentos e Negócios LTDA, que se aliou ao Grupo J&F Investimentos para a formação da FIP Florestal. O G1 fez contato com a Eucalipto Brasil e com a MCL Empreendimentos e Negócios LTDA e não encontrou ninguém para se posicionar.

Para justificar o pedido de prisão de Mário Celso, o MPF relatou à Justiça a descoberta da assinatura de um contrato cujo objetivo seria o de dificultar as investigações.

Em novembro de 2016, após a deflagração da 1ª fase da operação, a empresa Eldorado – investigada pela operação – firmou um contrato de R$ 190 milhões com a Eucalipto Brasil, na qual os Lopes são sócios. O contrato é de fornecimento de massa florestal de eucalipto para produção de celulose.

Os investigadores suspeitaram porque, um mês após o fechamento do negócio, uma cláusula foi retirada do contrato. A alteração beneficiou Mário Celso em detrimento da Eldorado e dos sócios minoritários: Funcef e Petros.

O MPF suspeita que a medida tenha sido feita para cooptar e silenciar Mario Lopes, já que este conhecia as irregularidades envolvendo o recebimento dos recursos dos fundos de pensão.

Além disso, para os investigadores, todas as movimentações acionárias e negociações que viabilizaram os investimentos feitos pelos dois fundos de pensão beneficiaram Mário Celso Lopes e seu filho e sócio Mário Celso Lincoln Lopes.

Além das buscas e apreensões e da prisão temporária de Mário Celso, o MPF pediu o bloqueio dos bens, ativos, contas bancárias e investimentos pertencentes a MCL Empreendimentos e Negócios, MCL Participações, Mário Celso Lincoln Lopes, Mário Celso Lopes e Eucalipto Brasil S.A.

O MPF Solicitou ainda o sequestro de bens como imóveis e cotas sociais dos envolvidos. Segundo a PF, o objetivo é assegurar – em caso de condenação – a recomposição do prejuízo causado aos fundos. A Justiça também acatou o pedido de afastamento dos sigilos bancário, fiscal, telefônico, telemático de todos os documentos apreendidos na operação.

Operação

Na 1ª fase, realizada em setembro de 2016, os focos da operação Greenfield foram a Funcef (fundo de pensão de funcionários da Caixa), a Petros (Petrobras), a Previ (Banco do Brasil) e o Postalis (Correios). A investigação da PF contou com apoio do Ministério Público Federal, da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Em setembro de 2016, foram cumpridos 106 mandados de busca e apreensão, 34 mandados de condução coercitiva e 7 mandados de prisão temporária.

De acordo com a PF, as investigações foram motivadas após a revelação da causa de déficits bilionários de fundos do tipo. “De dez casos, oito são relacionados a investimentos realizados de forma temerária ou fraudulenta pelos fundos de pensão, por meio dos FIPs (Fundos de Investimentos em Participações)”, disse a polícia na época.

Quando a 1ª fase foi deflagrada, os investigadores observaram a configuração de quatro núcleos criminosos: o empresarial, o dirigente de fundos de pensão, o núcleo de empresas avaliadoras de ativos e o núcleo de gestores e administradores dos fundos de investimentos em participações.

Entre os presos, estavam o ex-presidente da Funcef, Carlos Alberto Caser, o diretor da Funcef Maurício Marcellini Pereira, os ex-diretores da Funcef Carlos Augusto Borges, Demósthenes Marques e o ex-diretor da Petros Humberto Pires Grault Viana de Lima.

Na 1ª fase, foram alvos de busca as empresas Santander, Bradesco Asset Management, Deloitte, Ecovix, Engevix, Envepar, OAS, Sete Brasil e a vice-presidência de Gestão e Ativos da Caixa.

Também foram expedidos mandados de condução coercitiva para ouvir o dono da Gradiente, Eugênio Staub, ex-presidente da Petros Carlos Fernando Costa, o ex-gerente de serviços da Petrobras Pedro Barusco, o ex-presidente da Previ Sérgio Rosa, e o empresário Cristiano Kok, presidente do conselho de administração da empreiteira Engevix.

“A decisão judicial ainda determinou o sequestro de bens e o bloqueio de ativos e de recursos em contas bancárias de 103 pessoas físicas e jurídicas que são alvos da operação no valor aproximado de R$ 8 bilhões”, informou a Polícia Federal na ocasião.

Greenfield

O nome da operação faz alusão a investimentos que envolvem projetos incipientes (iniciantes, em construção), ainda no papel, como se diz no jargão dos negócios. No sistema financeiro, o contrário de investimentos Greenfield é o Brownfield. Nesse tipo, os recursos são aportados em um empreendimento/empresa já em operação.

Carros bloqueados pela Justiça em setembro de 2016 como parte da operação Greenfield (Foto: Polícia Federal/Divulgação)

Fonte: G1.