Pesquisadores da Fiocruz identificam oito mutações no vírus da febre amarela
Por Redação Publicado 16 de maio de 2017 às 09:55

Os estudos mostraram que os microrganismos pertencem ao subtipo genético conhecido como linhagem Sul Americana 1E, que segundo o IOC, é predominante no Brasil desde 2008.
Para o chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do IOC, o pesquisador e um dos coordenadores do estudo, Ricardo Lourenço, a condição em que os macacos foram recolhidos para a retirada de amostras foi fundamental para a identificação. Um deles tinha morrido há pouco tempo e o outro ainda esta55va vivo, embora já prestes a morrer. “Eles não estavam em deterioração. Isso fez com que as partículas virais que estavam nos corpos deles pudessem ser detectadas porque não degradaram”, informou em entrevista à Agência Brasil.

Ricardo Lourenço acrescentou que os animais foram encontrados durante uma pesquisa de campo com auxílio de armadilhas para coletar mosquitos na região. “Na colocação das armadilhas no Espírito Santo, avisaram para nós que havia macacos morrendo no local. Já que estávamos lá colocando as armadilhas para coletar os mosquitos, estávamos preparados para examinar qualquer coisa e coletamos o sangue, tínhamos, inclusive, gelo seco para congelar as amostras”, revelou.

A pesquisadora contou também que, desde 2000, tem ocorrido cada vez mais casos humanos de contaminação pelo vírus da febre amarela e, por isso, houve uma dispersão dos registros da doença, que pode ser decorrente da mudança ou de baixa cobertura vacinal, porque não era uma região suscetível à infecção por febre amarela. “De certa maneira houve uma dispersão dele na natureza, uma ampliação nas regiões em que ele começou a circular em macacos e em mosquitos silvestres e depois isso acabou atingindo o homem”, disse.

Myrna Bonaldo apontou que ainda somente após a confirmação de onde e quando ocorreram as mutações é que se pode verificar se há relação com desastres ambientais. “Esse é o momento da gente estudar várias amostras da epidemia atual, com associação com amostras antigas, para a gente poder rastrear onde ocorreram essas variações e como isso se dispersou em diferentes regiões aqui do Sudeste”, acrescentou.

Na visão da pesquisadora, os estudos vão contribuir também para a adoção de medidas de vigilância sanitária. “Vamos conhecer melhor toda a capacidade desse vírus circular no Brasil. Isso pode dar ferramentas preciosas para fazer a vigilância sanitária. Prever para não ter os piores casos. Vai dar armas para saber quais são áreas do Brasil que talvez tenham que ser priorizadas na hora em uma vacinação, ou não”, afirmou.

Fonte/ Agência Brasil