PCC domina 40% da massa carcerária de MS, mas vê oposição crescer
Por Redação Publicado 16 de janeiro de 2017 às 16:04

“Enquanto PCC for maioria, poucos vão morrer, mas se a oposição crescer um pouco mais e resolver se rebelar, a guerra estoura”, revela fonte ligada ao sistema

Assim como empresas, facções criminosas têm uma hierarquia rígida e responsabilidades atribuídas a cada posto. Seus integrantes competem por cargos e salários melhores e devem responder com resultados ao chefe. Mas, também como no mercado de trabalho, mudar de ‘empresa’, ou de organização criminosa, é uma das mais eficazes maneiras de subir na ‘carreira’. Talvez seja essa a justificativa para o crescimento da “oposição” ao PCC (Primeiro Comando da Capital) em Mato Grosso do Sul. A facção vem ‘perdendo’ força no Estado, e a oposição tenta tomar o poder.

Historicamente, a facção paulista tem maioria no Estado. A Agepen (Agência de Administração do Sistema Penitenciário) não divulga os números, “por questão de segurança”, mas, segundo um levantamento feito pelo Campo Grande News junto a fontes ligadas ao sistema de segurança pública e carcerário, de toda a população carcerária do Estado (15.373), mais de 40%, ou seja, cerca de 6 mil detentos, são membros declarados ou simpatizantes do PCC.

No entanto, há cerca de dois anos, essa superioridade numérica vem diminuindo. “O que está acontecendo é um fenômeno. O PCC é uma facção que reprime bastante dentro dos presídios, eles tem mensalidade, controlam tudo, por exemplo, se você está com uma divida com eles divida, te obrigam assumir crimes, ou obrigam a fazer crimes, controlam toda a sua vida, e as outras não fazem isso, ou fazem de maneira mais controlada. É uma conjuntura repressora e, com isso, começou a ter uma oposição muito maior que as outras”, revela uma fonte ligada ao sistema, que pediu para não ser identificada.

É nesse contexto de aversão ao Primeiro Comando que se destaca o CV (Comando Vermelho). “O PCC passou dos limites, começou a matar comparsas, ameaçar, cobrar por tudo, tem gente que não aceita, tem gente que quer ser autônomo. Existe um receio de que o PCC se torne hegemônico no tráfico. Para combater isso e ganhar força, toda essa oposição se juntou ao Comando”, explica.

Assim começam os conflitos. O Comando Vermelho se aproveitou do mal-estar entre essas pequenas facções e os paulistas para formar alianças regionais com Família do Norte (FDN), do Amazonas; Primeiro Grupo Catarinense (PGC), de Santa Catarina; Sindicato do Crime (SDC), do Rio Grande do Norte; Bonde dos 40, do Maranhão; e Okaida, da Paraíba. Em troca, esses bandos ganham abrangência nacional e se fortalecem na oposição ao PCC.

“Em Mato Grosso do Sul não existem integrantes dessas facções, mas há uma oposição  grande dos sem-facção. Hoje, o ponto mais crítico é Dourados, que tem 2,4 mil presos e onde cerca de 1,3 mil são da oposição. Eles ocupam dois pavilhões, enquanto o PCC está encurralado em apenas um, e isso pode explodir a qualquer momento”, alerta.

Nas demais penitenciárias, Naviraí é outra com maior número de integrantes do Comando. Já na penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande e no presídio de Segurança Média de Três Lagoas, a maioria ainda é do PCC.

“É por isso que ocorrem as mortes. Quando o PCC descobre que algum preso está fazendo ‘negócios’ com o Comando ou com a oposição, manda julgar. Enquanto eles forem maioria vai ser assim, mas assim que a oposição crescer um pouco mais e resolver se rebelar, a guerra estoura”, explica.

Fonte: Campo Grande News