Odebrecht pagará pelo menos R$ 7,7 bilhões a sete países
Por Redação Publicado 25 de janeiro de 2017 às 13:54

Empresa espera fechar 12 acordos até junho; presidente do Peru pediu para empresa sair do país

RIO — A Odebrecht já fechou acordo e se comprometeu a pagar indenização de pelo menos R$ 7,7 bilhões a sete países pelo prejuízo causado com o esquema de pagamento de propina a autoridades e funcionários públicos em troca de contratos de grandes obras. Segundo a agência de notícias Reuters, até junho, a empresa pretende fazer acordos com os 12 países.

Na terça-feira, o presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, disse que a Odebrecht deve vender seus projetos e deixar o país. A empreiteira reconheceu o pagamento de subornos no Peru que somam US$ 29 milhões em troca de licitações de obras públicas entre 2005 e 2014, nos governos dos ex-presidentes Alejandro Toledo, Alan Garcia e Ollanta Humala.

— A Odebrecht terá que vender seus projetos no Peru, alguns deles são muito bons em fornecimento de eletricidade, rodovias… Lamentavelmente há esse problema da corrupção, a Odebrecht tem que ir embora, acabou — disse o mandatário à emissora RPP.

A construtora terá que chegar a um acordo com o Ministério Público do Peru. O presidente considerou “muito baixo” o valor de 30 milhões de soles (aproximadamente US$ 10 milhões) que a Odebrecht adiantou pela devolução dos ganhos ilícitos obtidos.

O Ministério Público do Panamá denunciou por lavagem de dinheiro 17 pessoas, incluindo empresários e ex-funcionários do governo. As identidades dos acusados não foram reveladas, mas a imprensa local afirma que entre os nomes estão o de dois filhos e um irmão do ex-presidente panamenho Ricardo Martinelli. A Odebrecht fechou acordo com o governo panamense em US$ 59 milhões.

Na semana passada, a empresa se comprometeu em pagar US$ 184 milhões à República Dominicana como compensação financeira pelos casos de corrupção. O valor é o dobro do que a Odebrecht disse ter distribuído para conseguir contratos milionários no país. O procurador-geral dominicano Jean-Alain Rodríguez informou que a construtura brasileira está inabilitada temporariamente dos processos de concessão de obras públicas do governo dominicano.

Na Colômbia a empreiteira ofereceu pagar US$ 32 milhões ao governo como parte da colaboração nas investigações abertas sobre pagamento de suborno para conseguir contratos,como consta no site do Ministério Público local.Um ex-senador e um ex-vice ministro dos Transportes foram presos no país por suspeita de receberem propina.

Em dezembro, a Odebrecht, junto com a Braskem, anunciaram um acordo de leniência com o departamento de Justiça Americano e a Procuradoria-Geral da Suíça. As duas empresas vão pagar multa de R$ 6,9 bilhões para suspender processos em curso que poderiam ser abertos contra elas devido ao envolvimento no esquema de corrupção. Trata-se do maior valor de uma indenização a ser paga por uma empresa brasileira a partir de uma investigação sobre corrupção.

A Odebrecht também assinou o acordo de leniência com o Ministério Público Federal, no Brasil. A empresa se comprometeu a quitar R$ 3, 8 bilhões. O valor será pago ao longo de 23 anos e a soma das parcelas será reajustada de acordo com a taxa SELIC. Segundo a companhia, o pagamento da multa será viabilizado por meio de uma combinação de vendas de ativos já planejadas anteriormente e de geração de caixa das operações continuadas. Ao calcular a multa, de acordo com a empresa, “as autoridades levaram em consideração a plena cooperação com as investigações e as amplas medidas de remediação adotadas pela Odebrecht para corrigir eventuais falhas de conformidade”.

Fonte: O Globo