Com bens bloqueados, o ex-governador André Puccinelli, aparentemente, não tem de onde tirar o valor da fiança (R$ 1 milhão) imposta pela Justiça Federal. O partido, PMDB, não se pronunciou oficialmente quanto a possiblidade de ajudar o seu ‘maior líder político’ na trama e acompanha a queda em silêncio. O prazo para o pagamento termina na segunda-feira (22).
Puccinelli conseguiu resistir bravamente durante as três primeiras fases da Operação Lama Asfáltica, viu um de seus secretários mais próximos, o Edson Giroto, ir para a cadeia mais de uma vez por conta dos esquemas de corrupção ocorridos no seu governo estadual. Agora, como último homem da tropa, trava uma batalha contra a derrota definitiva de seu exército.
A Operação Máquinas de Lama, desencadeada na quinta-feira (11), atingiu o ex-governador como um golpe de espada. André está sendo acusado de comandar uma organização criminosa que desviou recursos públicos por meio do direcionamento de licitações públicas, superfaturamento de obras públicas e aquisição fictícia ou ilícita de produtos e corrupção de agentes públicos.
A estimativa é que R$ 150 milhões tenham sido desviados dos cofres públicos estaduais neste esquema. André Puccinelli foi condenado a usar tornozeleira eletrônica e ao pagamento de uma fiança no valor de R$ 1 milhão para não ser preso. O político não pode ausentar-se de Campo Grande, nem manter contatos com os investigados pela Operação.
O fim da vida política?
A situação pôs um ponto final no promissor retorno de André aos palanques eleitoreiros. Nos últimos meses, o político vinha realizando visitas periódicas pela cidade: esteve no Mercadão Municipal, no Camelódromo e até mesmo no gabinete do prefeito Marquinhos Trad (PSD). Sempre muito bem recebido, Puccinelli parecia almejar disputar um cargo eletivo no pleito de 2018, muito embora negava tal pretensão sempre que questionado.
Pessoas e políticos próximos ao ex-governador comentavam que André tinha o desejo (antigo) de ser Senador da República. Nos planos, aparentemente, a ideia seria lançar a senadora Simone Tebet como candidata a governadora enquanto concorreria ao Senado. Numa das visitas realizadas, André Puccinelli afirmou que a senadora e ex-prefeita de Três Lagoas era a sua candidata em 2018.
Com a derrota para a Lama Asfáltica, André hoje já não consegue mais sequer concorrer a síndico do seu prédio – perdeu completamente a moral para dizer que é candidato. Embora tenha ‘certo respeito’ perante a sociedade (culpa do bordão clássico ‘roubou, mas fez’), o peemedebista foi derrotado e agora aguarda em silêncio o seu fim: seja a prisão, seja a aposentadoria (definitiva) da vida pública.