O que aumenta seu valor na crise?
Por Redação Publicado 3 de dezembro de 2015 às 15:48

Um importante headhunter dá as dicas

Somos todos candidatos, sempre”. Essa frase, de um amigo CEO, ilustra bem o mundo corporativo de hoje. Mesmo que você esteja em uma ótima empresa, ocupe uma posição de destaque, tenha acabado de ser promovido ou faça parte do programa de talentos, você continua sendo candidato a um novo emprego. E até com mais potencial de entrar no radar dos headhunters – afinal, as empresas sempre querem atrair profissionais de destaque de outras empresas.

Pensando nisso, fui conversar com Jairo Okret, sócio e líder da pratica de tecnologia para America Latina da Korn Ferry, uma das maiores empresas de recrutamento de executivos no mundo.  Conheço Jairo há mais de dez anos e sempre admirei sua forma honesta e pragmática de fazer negócios. Apaixonado pelo que faz, workaholkic assumido, ainda acha tempo para ser fã de filosofia, tecnologia e viagens. Jairo descreveu para mim as características mais relevantes para um líder nesse momento de crise. São elas:

Fazer diferente. Nesse momento de crise os caminhos já trilhados não são tão eficientes. Trazer novas alternativas, customizar soluções de outras indústrias, aprender com os insights de clientes e prospects passou a ser muito mais relevante.

Manter o foco no que mais importa. Distrações, reclamações, projetos ainda em fase embrionária podem encher o tempo e desviar você do que é mais importante. É preciso ser pragmático, ter senso de urgência e capacidade de trazer verdadeiras contribuições — não aquelas que ninguém tem tempo para ouvir.

Lidar com ambiguidade. Muitas empresas querem aumentar receita e cortar custos ao mesmo tempo. Saber dialogar e entender essas ambiguidades, propondo soluções criativas, tornou se um grande diferencial.

Liderar de verdade. Eis um dos atributos mais valorizados. Os colaboradores mais juniores precisam muito de orientação, sobretudo em momentos de crise. Líderes devem aumentar a frequência com que se comunicam com seu time.

Mergulhar nos detalhes do negócio. Parece óbvio, mas não é. Entender quem são e o que realmente querem os clientes passou a ser função não só da média gerência mas da diretoria e presidência. Nesse momento, conhecimento superficial pode levar a decisões erradas.

Falamos de características relevantes nos tempos atuais, mas destaco também dois comportamentos que devem ser evitados:

1. Está tudo ruim, não dá para fazer nada.  A economia, a concorrência, o mercado, a equipe, os clientes, blá-blá-blá… Saia rapidamente desse modelo de justificar para sobreviver. A liderança aqui ou lá fora requer soluções, alternativas. Falar só de problemas é como apontar a doença sem o remédio . Quem decide pode querer outro médico.

2. Tem que fazer a meta de qualquer jeito. Meta é meta ! Outro erro de percurso. Agressividade na medida certa mobiliza, mas missão impossível goela abaixo destrói a motivação da equipe. E se a equipe não compra o desafio, as chances de ele ser superado diminuem drasticamente. Sobra para quem está no comando.

Vale a pena refletir se você está praticando as características abordadas pelo Jairo.  Sempre é um momento para descobrir o que se pode fazer melhor, demonstrando através de exemplos concretos seu valor para empresa, mercado e headhunters. Tempos difíceis funcionam como provação. São neles que emergem os grandes líderes. Quem sabe você não é um deles? Já pensou?.

Sergio Chaia  foi presidente da Nextel , Sodexho Pass e vice- presidente para a América Latina da Symantec. Participa de diversos conselhos e atualmente é chairman da Óticas Carol. Também é palestrante e autor do livro Será que é possível?

 Fonte: Época Negócios