Tribunal começa a analisar ação contra chapa de 2014, mas perspectiva de sucessivos adiamentos torna imprevisível data do desfecho. Presidente e petista têm estratégias diferentes de defesa.O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) começou a decidir nesta terça-feira (4/4) o destino do governo Michel Temer. Os sete ministros do tribunal deram o primeiro passo para avaliar as acusações de abuso de poder econômico e político que pesam contra a chapa Dilma-Temer, a vencedora das eleições de 2014. É a primeira vez que o tribunal julga uma chapa presidencial.
Que cenários Dilma e Temer podem enfrentar?
Apesar de adicionar drama às discussões sobre a capacidade de sobrevivência do governo Temer, que conta com apenas 10% de aprovação, o julgamento deve ter, por enquanto, poucas consequências imediatas.
Mesmo com o TSE estabelecendo um calendário, a data do desfecho do julgamento permanece incerta. A expectativa é que o processo se arraste por vários meses por causa de manobras da defesa e possíveis pedidos de vista de alguns ministros, que podem solicitar mais tempo para analisar o relatório. O governo Temer avalia que o tempo é seu aliado e tenta influenciar a corte a postergar ao máximo qualquer decisão.
Nesta terça-feira, a primeira etapa já foi marcada por pedidos de novas oitivas e de mais prazos para as defesas. A aceitação desses pedidos já resultou em um adiamento de mais cinco dias, frustrando aqueles que esperavam um dia marcado pela leitura de um resumo elaborado pelo relator Herman Benjamin. Considerando o calendário do tribunal e a agenda dos ministros nas próximas semanas, é provável que na prática o julgamento só seja retomado no fim de abril – uma prévia do ritmo moroso que deve marcar todo o andamento.
O processo é uma junção de quatro diferentes ações que pedem a cassação da chapa Dilma-Temer. A principal delas foi oferecida pelo PSDB ao TSE ainda em 2014, poucas semanas depois do resultado das eleições. O caso ajudou a desgastar a imagem do governo Dilma, antecipando o clima de confronto que culminaria no impeachment da petista.
No entanto, mais de dois anos depois, a ação se voltou contra o próprio PSDB. O processo continuou com a saída de Dilma, ao mesmo tempo em que tucanos passaram a integrar o alto escalão do governo Temer, com quatro ministérios. Arriscando perder essa fatia de poder por causa da continuidade da ação, o PSDB decidiu nos últimos meses inocentar Temer de qualquer ilícito, concentrando as acusações na cabeça da chapa, Dilma.
Fonte: O Terra