Mostra exibirá filmes dirigidos por mulheres
Por Redação Publicado 16 de março de 2016 às 11:51

A partir da próxima quarta-feira (23), Brasília sediará uma mostra de filmes dirigidos exclusivamente por mulheres. Ao longo de duas semanas (até 4 de abril), a Mostra Edital Carmen Santos – Cinema de Mulheres e Filmes Convidados exibirá nove curtas e seis médias-metragens premiados pelo Ministério da Cultura (MinC), e sete longas-metragens de cineastas brasileiras. As sessões, gratuitas, ocorrerão às 17h, 19h e 21h (segundas, quartas, quintas e sextas-feiras) e às 16h, 18h e 20h (sábados e domingos), no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).

A mostra é uma iniciativa da Secretaria do Audiovisual do MinC, do CCBB e da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. O evento dá visibilidade às produções contempladas, em 2013, no Edital Carmen Santos Cinema de Mulheres, que teve como objetivo apoiar a produção de médias e curtas-metragens assinados e dirigidos por mulheres.
Além dos curtas e médias contemplados pelo edital (veja relação no fim da matéria), o público poderá apreciar sete longas-metragens:Califórnia, de Marina Person, Elena e Olmo e A Gaivota, ambos de Petra Costa, Que horas ela volta?, de Anna Muylaert, Amor, plástico e barulho, de Renata Pinheiro, De gravata e unha vermelha, de Miriam Chnaiderman, ePoeira & batom no Planalto Central, de Tânia Fontenele.
Na programação, também estão previstas duas conversas abertas ao público. A primeira delas, Brasília Debate Cinema de Mulheres, ocorrerá em 30 de março e contará com a presença de diversas cineastas da capital. A segunda, Debate com Diretoras da Mostra, será realizada em 1 de abril e trará reflexão sobre a importância de ações voltadas para mulheres no audiovisual e o processo de produção de seus filmes. Os debates serão realizados logo após as sessões das 19 horas, também com entrada franca.
O secretário do Audiovisual do MinC, Pola Ribeiro, explica que a Mostra é um momento de reflexão e de referência, que vai ao encontro de uma política brasileira que está sendo desenvolvida e protagonizada por mulheres. “Ao mesmo tempo em que a Mostra coroa um projeto bem-sucedido, dialoga com esse movimento de mulheres que tem dado protagonismo nas (diversas) políticas, (como) a de igualdade de relações de trabalho”, afirmou.
À frente da produção e viabilização da mostra, a coordenadora de programas e projetos da SAv, Lina Távora, participou da produção do edital de 2013. “Ao ver o resultado, vemos um cinema que é múltiplo e que aborda questões fundamentais para nossa sociedade, que ainda é desigual”, comenta.
Presença feminina no audiovisual
No audiovisual, assim como em outros setores, a presença da mulher ainda é menor que a do homem. Segundo estudo divulgado em março deste ano pela Agência Nacional do Cinema (Ancine), a maioria dos filmes brasileiros lançados em 2015 foram dirigidos exclusivamente por homens (74%). As mulheres foram responsáveis por 19% das produções. Os demais filmes (7%) tiveram direção conjunta entre homens e mulheres.
Em outros cargos técnicos, a situação tampouco difere. Entre os roteiros, 65% foram produzidos por homens, 23%, por mulheres e 12%, por pessoas de ambos os sexos. Já entre os produtores-executivos, 47% foram homens e 41%, mulheres. Os demais filmes (12%) foram produzidos conjuntamente por homens e mulheres.
Filmes premiados
A Mostra exibirá nove curtas e seis médias resultantes do Edital Carmen Santos 2013. São eles:Atadas, de Tarsila Venancio Nakamura, Mulher Movente, de Beatriz Taunay da Graça Couto,Prelúdio, de Julia Peres, Como era gostoso o meu príncipe, de Fernanda de Paula Silva, A Festa da Joana, de Vera Milhome Vasques, Na minha sopa não, de Mirela Kruel Bilhar, Os anseios das cunhãs, de Regina Lúcia Azevedo de Melo, Fábula de vó Ita, de Thallita Oshiro e Joyce Prado, Papéis de Adélia, de Ludmilla Rossi de Oliveira (curtas-metragens), Ou isso ou aquilo, de Hadija Chalupe da Silva, De menino, de menina, de Angélica Muniz Valente, A batalha das colheres, de Fabiana de Lima Leite, Quem matou Eloá?, de Lívia Perez de Paula, Viver de mim, de Juily Manghirmalani, eCorpo Manifesto, de Julia Bahia Bock e Carol Araújo (médias-metragens).
Serviço
Mostra Edital Carmen Santos – Cinema de Mulheres e Filmes Convidados
Noite para convidados: 22 de março de 2016
Local: Teatro CCBB/Brasília
Mostra: de 23 de março a 4 de abril – gratuita
Local: Cinema do CCBB/Brasília
Sessões: 17h, 19h e 21h (segundas, quartas, quintas e sextas) e às 16h, 18h e 20h (sábados e domingos). O CCBB fecha às terças-feiras.
Veja resumo dos filmes contemplados pelo edital:
Atadas
Tendo em vista que submeter-se a agressões de qualquer tipo é, para a maior parte das pessoas, uma atitude irracional, este documentário relata depoimentos de algumas mulheres que foram agredidas por seus maridos, buscando compreender os diversos aspectos que motivaram a decisão de continuar com eles. O objetivo é criar empatia no espectador, fazer com que ele se coloque no lugar dessas mulheres e veja que, no fundo, essas histórias perpassam por fragilidades – sobretudo – humanas.
Mulher Movente
O curta propõe um diálogo entre a narrativa poética e imagens documentais. Uma voz em off narra um texto sobre o feminino que acompanha as imagens. É na caminhada de uma mulher e no ir e vir do mar que serão inseridas fotos documentais, tanto de mulheres anônimas, como de mulheres conhecidas, que fazem parte do nosso caminho de conquistas, não só de igualdade perante os homens, mas na luta por uma cidadania plena.
Prelúdio
Animação que conta a história de uma menina cuja família é marcada pela violência e que encontra na música um refúgio. Ela tenta sublimar uma realidade potente e cruel que não consegue ser alterada pela mãe. Essa história trata do empoderamento da mulher, no caso a mãe, que é inspirado pela filha, mulher de uma nova geração.
Como era gostoso o meu príncipe
Fábula de uma princesa que, enquanto passeava pelo lago, encontra uma rã. Esta diz ter sido enfeitiçada por uma bruxa e só voltará a ser um príncipe se receber um beijo. A rã faz então uma proposta machista e a princesa se esquiva de uma maneira engraçada e inesperada, porém, determinante.
A Festa da Joana
Joana quer fazer uma festa de aniversário temática, decorada com seu personagem favorito, o Batman. Mas encontra a resistência familiar e de seus colegas por ter escolhido um tema considerado masculino. O curta discute a instalação das noções de feminilidade e masculinidade entre as crianças por meio da visão de uma garota esperta e questionadora.
Na minha sopa não
Celeste, ao chegar em casa e fazer uma sopa, se depara com uma situação de tensão que exige uma escolha, uma ação. O filme provoca uma reflexão sobre a máxima de que em briga de marido e mulher não se mete a colher.
Os anseios das cunhãs
Um curta sobre a prostituição, violência e exploração femininas, desencadeadas pelo advento da Zona Franca de Manaus, que motivou a migração especialmente de meninas do interior do estado do Amazonas, atraídas pelo sonho de uma vida melhor na capital. O roteiro é baseado em um poema da jornalista Regina Melo, que traduziu de forma lírica a relação dessas mulheres com o ambiente da capital. O filme tenta traduzir o comportamento dessas mulheres que, em busca de sobrevivência, oportunidade e trabalho, acabam recorrendo à prostituição como opção de sustentação financeira e de liberdade, tendo que suportar a intolerância, o preconceito e a violência da exclusão social.
Fábula de vó Ita
Vó Ita certa vez percebe que sua neta enfrenta problemas de preconceito na escola que mexem com a sua autoestima. Ela usa sua sensibilidade e experiência para, por meio da magia da fábula, mostrar para a menina que não há nada de errado em ser diferente e que existem infinitas formas de beleza.
Papéis de Adélia
Uma atriz iniciante interpreta Adélia. Anos se passam, sua carreira vai se consolidando e passando por várias personagens, cada papel mostra um novo momento da trajetória da mulher na sociedade. Décadas depois, ela é convidada a atuar novamente em Adélia, mas agora os tempos são outros e a história está bem diferente.
Ou isso ou aquilo
Dona Nilzete descobre em uma pesquisa escolar de sua filha que as estátuas da cidade onde vive são todas dedicadas a homenagear homens. Ela então se engaja em um projeto político que estabelece que 30% dos monumentos teriam que representar heroínas locais, dentre índias, duquesas e parteiras. Para isso, Dona Nilzete vai enfrentar vários obstáculos.
De menino, de menina
Ambientado em uma escola pública de educação infantil da cidade de São Paulo, o filme acompanha crianças de 5 a 6 anos de uma mesma sala de aula em brincadeiras direcionadas a provocar sua imaginação sobre os papéis tradicionalmente vinculados a meninos e meninas. Uma reflexão sobre a construção precoce da desigualdade entre homens e mulheres.
A batalha das colheres
O filme conta a história de Salomão, um homem truculento que, depois de atacar a companheira, foge para a casa da amante: uma mulher que não cederá aos seus abusos. “A batalha das colheres” é uma revolta protagonizada pelas mulheres de um pequeno lugarejo que se unem como podem para combater a máxima de que “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”.
Quem matou Eloá?
Documentário que propõe reflexão sobre a atuação da mídia televisiva nos casos de violência contra a mulher. Focado em um caso específico, o filme é uma oportunidade de analisar a cobertura televisiva do sequestro e da morte da jovem Eloá, utilizando as imagens reais transmitidas na época. É a possibilidade de pensar uma alternativa midiática na construção de igualdade entre homens e mulheres.
Viver de mim
Discussão sobre a sexualidade feminina por meio da visão de seis entrevistadas mulheres, que contam com as mais diversas formas de expressão sexual.
Corpo Manifesto
Documentário sobre os movimentos feministas do século XXI, acompanhando todas as etapas da Marcha das Vadias e da Marcha Mundial das Mulheres, grupos de manifestantes que lutam pela liberdade e pelo respeito às mulheres. O documentário investiga o que motiva os movimentos feministas nos dias de hoje, quem são e o que reivindicam as mulheres que saem às ruas para protestar, qual a importância do movimento, quais devem ser suas conquistas nos próximos anos e qual o legado que deixarão para as próximas gerações.
Cecilia Coelho
Assessoria de Comunicação
Ministério da Cultura