Agentes de saúde pública de Campo Grande têm enfrentado dificuldades para entrar nas residências e passar orientações em relação ao combate à dengue para os moradores. No bairro Guanandi –região sul da Capital– populares contaram como é a relação com os servidores da saúde e admitiram a resistência, por conta de temores quanto à sua integridade.
Entre os motivos citados para se evitar a entrada dos agentes de saúde nas casas, fala-se da questão de segurança, já que há algum tempo houve assaltos nos quais pessoas mal-intencionadas usavam uniformes dos profissionais para entrar nos imóveis e cometerem roubos.
A aposentada Roseli Alves das Neves, 67, disse que deixa agentes entrarem na sua residência se já forem conhecidos. “Os agentes que já conhecemos, que passam com frequência, nós deixamos entrar, mas mesmo assim acompanhamos o trabalho de perto”, ressaltou.
Ela frisa que, apesar de nunca ter pego dengue, tem receio. “Moro ao lado de uma borracharia e tem um grande ferro-velho cheio de entulho logo na frente, então temos receio, sim. Mas vemos sempre os agentes de saúde passando por aqui”, completou Roseli.
Aposentada afirma temer doença; verificação de crachá ajuda
Madalena Ferreira Neves, 70, aposentada, disse que sempre deixa os agentes entrarem. “Aqui a gente deixa entrar porque essa doença é perigosa, mata. Nós acompanhamos o trabalho e até sirvo café”, contou.
Juliana Teruya, 32, do lar, disse que autoriza a entrada dos agentes, mas não sem antes verificar a identidade dos servidores. “Sempre olho o crachá e uniformes e só depois deixo que entrem em casa. Essa é a orientação que vemos sempre por aí e eu sigo. É mais seguro. Eu deixo entrar porque aqui no bairro tem muitos focos, em cada esquina tem um amontoado de lixo. A prefeitura deveria passar por aqui para fiscalizar e multar quem não limpa”, opinou.
As agentes de saúde Jucimeire Alves Galdino e Jacquelline Chaves de Oliveira, ambas de 29 anos, passavam pelo bairro Guanandi ontem. Segundo Jucimeire, os agentes chamam nas casas e observam a reação dos moradores. “Esse receio existe, você percebe pelo olhar a desconfiança do morador. Tem gente que só deixa entrar os agentes conhecidos pela família.”
De acordo com Jacquelline, o Guanandi precisa de atenção. “Aqui no bairro existem muitas casas alugadas em que os moradores acham que não precisam limpar porque não são os proprietários. Tem também muito ferro-velho e, por mais que a gente passe orientando, muitos não mantêm o lugar limpo”, comentou.
Fonte: O Estado Online/Nilce Lemos