Michel Temer acusa Joesley Batista de ‘cometer o crime perfeito’
Por André Farinha Publicado 20 de maio de 2017 às 15:15

Em pronunciamento oficial, realizado na tarde deste sábado (20), o presidente da República, Michel Temer (PMDB), acusou o empresário Joesley Batista, dono do frigorifico JBS, de ter manipulado e adulterado a gravação da conversa entre os dois, acontecida no dia 07 de Março no Palácio do Planalto. O peemedebista também afirmou que Batista especulou contra a moeda nacional, enganou os brasileiros e prejudicou o país.

Ainda no pronunciamento, Temer declarou que está ingressando no Supremo Tribunal Federal (STF) com um pedido de suspensão do inquérito aberto com autorização do ministro Edson Fachin para investigá-lo. “(…) A perícia constatou que houve edição no áudio de minha conversa com o Joesley Batista. Essa gravação clandestina foi manipulada e adulterada com objetivos nitidamente subterrâneos”, disse.

Segundo o presidente, o áudio foi “incluído no inquérito sem a devida e adequada comprovação”, levando os brasileiros ao engano. “Por isso, no dia de hoje, estamos entrando com petição no Supremo Tribunal Federal para suspender o inquérito proposto até que seja verificada em definitivo a autenticidade da gravação”, completou Temer.

Tentativa de golpe

Também em seu pronunciamento, Michel Temer afirmou que o autor da gravação [Joesley Batista] está “livre nas ruas de Nova York (EUA) e o Brasil está de novo na incerteza”. “O autor do grampo está livre e solto, passeando pelas ruas de Nova York. O Brasil, que já tinha saído da mais grave crise econômica de sua história, vive agora, sou obrigado a reconhecer, dias de incerteza. Ele não passou nenhum dia na cadeia, não foi preso, não foi julgado, não foi punido e, pelo jeito, não será”.

O presidente ressalta que Batista cometeu “o crime perfeito” ao fazer a especulação contra a moeda nacional. “Antes de entregar a gravação [Joesley] comprou US$ 1 milhão porque sabia que isso provocaria caos no câmbio. Sabendo que a gravação também reduziria o valor das ações de sua empresa, as vendeu antes da queda da bolsa. A JBS lucrou milhões e milhões de dólares em menos de 24 horas”.

Ele também apontou que Joesley Batista “enganou o Brasil, prejudicou os brasileiros, e agora mora nos Estados Unidos”. “Quero lembrar da acusação de que eu dei aval para a compra de um deputado. Não existe isso na gravação, mesmo tendo sido adulterada. E não existe porque eu não comprei o silêncio de ninguém. Devo registrar que é interessante quando os senhores examinam os depoimentos, os senhores verificam que a conexão de uma sentença a outra diz: ‘Estou comprando o silêncio de um deputado e estou dando dinheiro a ele’. A frase é ‘Estou me dando bem’, e eu digo: ‘Mantenha isso, viu?’. Por isso, devo dizer que não acreditei na narrativa do empresário de que teria segurado juízes e etc”, defendeu-se.

Para o presidente, o que Batista fala em seu depoimento não está no áudio e o que está no áudio mostra que ele estava insatisfeito com o seu Governo. “O autor do grampo relata dificuldades e eu simplesmente as ouvi. Nada fiz para que ele obtivesse benesses do Governo, não há crime em ouvir reclamações e me livrar do interlocutor indicando outra pessoa ouvir suas lamúrias. E confesso que o ouvi como ouço empresários, políticos, trabalhadores, intelectuais e pessoas de diversos setores da sociedade no Palácio do Planalto, no Palácio do Jaburu, no Palácio da Alvorada e em São Paulo”.

Ainda segundo o presidente, o Governo não atendeu aos pedidos de Joesley e que a acusação de corrupção passiva contra si é “pífia”. “Estamos acabando com o tempo das facilidades para os oportunistas. Os governos anteriores quebraram o país”, destacou.

Michel declarou que Joesley não tinha interlocução com ele e afirmou também que houve falso testemunho à Justiça. “Atentam contra o meu vocabulário e à minha inteligência. Ele [Joesley] é um conhecido falastrão, exagerado. Depois, em depoimento, podem conferir, disse que havia inventado essa história, que não era verdadeira. Era fanfarronice que ele utilizava naquele momento”, acusa o presidente.

Ao encerrar o discurso, Michel Temer reforça que houve adulterações nas provas, que tenta incriminar o presidente e invalidar o Brasil. “Digo com toda segurança: o Brasil não sairá dos trilhos. Eu continuarei à frente do governo”, encerrou, reafirmando que não renunciará ao cargo de presidente da República.