Menina sequestrada em casa há quase dois anos é encontrada na Itália
Por Redação Publicado 20 de janeiro de 2015 às 12:31

Ida Verônica Feliz foi levada à força de família adotiva em 2013, de Cuiabá

Uma história de filme. A Polícia Federal informou, nesta segunda-feira (19), que Ida Verônica Feliz, sequestrada da casa em que morava em Cuiabá, no Mato Grosso, em 2013, foi localizada na cidade de Cassola, na Itália. De acordo com a PF, a menina foi achada por autoridades italiana e não foram divulgados detalhes da operação.

Ida foi levada da casa em que morava com a família adotiva quando tinha oito anos. Ela foi adotada com quatro meses, depois que os pais biológicos, a dominicana Elida Isabel Feliz e o italiano Pablo Milano Escarfulleri foram presos por tráfico de drogas.

Segundo o delegado Flávio Stringueta da GCCO (Gerência de Combate ao Crime Organizado) e da Divisão Anti-Sequestro da Polícia Judiciária Civil do Mato Grosso, homens armados chegaram a residência e pediram água. A mãe adotiva Tarcila Gonçalina de Siqueira não estava em casa no momento e Ida se encontrava na residência apenas com a irmã, filha biológica de Tarcila.

— Homens entraram, pediram água e na hora que a mulher distraiu, sacaram a arma e pegaram a menina. Entraram num carro branco e sumiram. Nós acreditamos que eles fugiram pela Bolívia porque tem menos fiscalização.

Stringueta ressalta que ao desconfiar que os pais biológicos contrataram os sequestradores profissionais para raptar a garota, descobriu por meio da interceptação de e-mail e de telefone da mãe biológica, que a garota estava na República Dominicana e tinha uma entrevista marcada no consulado italiano daquele país para tirar a cidadania italiana. A entrevista estava marcada para o dia 06 de maio de 2013.

— Menos de um mês depois [do sequestro], eu acionei a Interpol. Descobrimos que a mãe biológica estava agendando uma entrevista no consulado italiano na República Dominicana.

Mas, mesmo com o aviso, a criança não foi encontrada na época. Os pais biológicos de Ida foram presos no Brasil por tráfico de drogas. Pablo Milano Escarfulleri chegou a cumprir três anos da pena no País e depois foi expulso para a Itália. Elida Isabel Feliz estava cumprindo a pena em um presídio de Santa Catarina. Ela cabou tendo um filho na prisão e o menino ficou com uma família substituta. Mas o garoto também foi levado por Elida.

— Ela estava no semiaberto e, num fim de semana, pegou o menino e não voltou mais para a cadeia.

Ainda de acordo com Stringueta, Tarcila — mãe adotiva de Ida — tinha a guarda provisória da criança e não foi em busca da definitiva, pois nunca imaginava que os pais biológicos pudessem reivindicar a criança algum dia.

— Como os pais biológicos não mostraram interesse, ela relaxou e estava cuidando da menina com a guarda provisória.

A filha biológica de Tarcila era camareira no hotel, onde Escarfulleri e Elida deixaram Ida e foram traficar drogas. Ida viveu oito anos com a família no Mato Grosso. Atualmente, ela está com dez anos.

A menina que tem cidadania italiana e dominicana precisa da autorização das autoridades italianas para retornar ao Brasil. Como a adoção definitiva nunca foi concluída, Ida não tem cidadania brasileira, o que complica mais ainda a situação.

— Juridicamente não tem nada que resguarde esse direito.

O delegado resume que a sensação é de dever cumprido, mas também de frustração.

— Hoje toda a gerência está feliz com o encontro porque esse era o objetivo desde o início. Infelizmente, se tivesse encontrado na época, poderíamos trazer essa menina. Agora esse tempo todo, com a família biológica, a menina criou vínculos.