Máquinas agrícolas: otimismo em longo prazo
Por Redação Publicado 1 de setembro de 2015 às 12:10

Expectativa do setor é a retomada de vendas, mas os números deverão ser negativos

O pior desempenho dos últimos cinco anos para o primeiro semestre, com 30.554 unidades produzidas – 32% menos que em igual período do ano passado – 24.700 vendidas (-25%), parece não afetar o ânimo dos fabricantes de máquinas agrícolas. Apesar de as perspectivas indicarem um ano de retração, que poderá ficar em torno 20% em relação a 2014, o setor considera que já bateu no fundo do poço e prefere vislumbrar o longo prazo.

O argumento é que o Brasil vem batendo sistematicamente recordes de produção e a tendência ainda é que o campo dê continuidade ao processo de tecnificação da atividade e de renovação da frota. A confirmação de mais um plantio recorde no país também reanima o segmento. “Estamos vivendo um cenário de incertezas econômicas.

No âmbito das máquinas e implementos agrícolas, não é diferente. O clima ainda é de preocupação, mas a perspectiva é de melhora para este semestre”, afirma o presidente do Sindicato Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers), Cláudio Affonso Amoretti Bier. É na segunda metade do ano que os produtores planejam a safra de verão e, pelas estimativas, a área plantada no Brasil deve avançar entre 2% e 3%.

O presidente da John Deere Brasil no Brasil, Paulo Herrman, prefere analisar o panorama a médio e longo prazos. “A receita agrícola cresceu mais de 30% entre 2011 e 2015 e a expectativa de aumento da área plantada quebra o clima ruim no país, mesmo que a desvalorização cambial tenha causado transtornos para alguns setores”, destaca Herrman.

Na Massey Ferguson, a expectativa também é de melhora nas vendas. De acordo com o diretor comercial da companhia, Carlito Eckert, apesar de o primeiro semestre não ter apresentado um resultado regular de fluxo de caixa para os produtores, o setor não irá retroceder. “Temos uma agricultura bem instalada, com empresários que adotaram modelos de gestão, estruturados em tecnologia, em manejo de solo, com sementes de alto potencial produtivo e que cada vez mais precisam de máquinas para atender às exigências da agricultura de precisão”, avalia o executivo.

Essa visão de futuro é compartilhada pelo gerente nacional de vendas da Valtra, Luiz Cambuhy. “Temos colheita recorde na safra de milho em Mato Grosso, demanda de soja em alta em função de problemas climáticos nos Estados Unidos, produtividade aumentando no campo, abertura de mercados para carne.

O segmento primário ainda tem muita demanda por mecanização para modernizar as propriedades, o que ajuda a baixar custos”, destaca. “Mesmo que o agronegócio cresça, ainda devemos começar o próximo ano com uma indefinição no Brasil, o que afeta as vendas. Mas esperamos uma melhora no cenário econômico, manutenção das áreas arrendadas, expansão da fronteira agrícola e crescimento do PIB do setor, o que se reflete na necessidade de renovação da frota”, afirma o diretor comercial da New Holland para o Brasil, Alexandre Blasi.

O mercado está se acomodando. Nem o recorde de produção de 2013, quando foram vendidas 81.335 máquinas agrícolas produzidas no país, segundo a Anfavea, nem as 37.918 máquinas registradas dez anos antes, em 2003.

Os negócios ficarão num patamar de comercialização em torno de 50 mil máquinas neste ano, o que não é ruim, conforme a indústria. “É preciso levar em consideração que a renovação de frotas mais premente foi atendida, mas as empresas avaliam que ainda há espaço, em função da média de tempo das máquinas”, diz Cambuhy.

No Brasil, 41% dos tratores têm mais de 20 anos, enquanto que, em colheitadeiras, este número sobe para 48%.

Fonte: Portal do Agronegócio