Lula chega Curitiba para depoimento a Moro
Por Ariel Moreira Publicado 10 de maio de 2017 às 13:49
Foto de Lula com Dilma e apoiadores feita logo após o desembarque do ex-presidente em Curitiba (Foto: Arquivo pessoal)

O interrogatório será sobre o processo da Lava Jato que trata sobre a propriedade do tríplex no Guarujá no qual Lula é réu

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou às 13h45 à sede da Justiça Federal de Curitiba, no Paraná, para prestar depoimento ao juiz Sérgio Moro, responsável pelas ações da operação Lava Jato na primeira instância.

Lula desembarcou no aeroporto Afonso Pena por volta das 10h (Brasília), em um avião particular que partiu de São Paulo. Em seguida, ele foi para um escritório de advocacia, no bairro Boa Vista.

Um forte esquema de segurança, com bloqueio de ruas e dezenas de policiais, está montado no entorno da Justiça Federal, no bairro Ahú. A Justiça do Paraná proibiu acampamentos na cidade e também restringiu a circulação de carros e pedestres na região do entorno do prédio. A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), providenciou um cordão de isolamento entre manifestas pró e contra o réu.

É o primeiro depoimento de Lula na presença de Moro, na condição de réu. Neste processo, Lula é acusado de receber R$ 3,7 milhões em propina, de forma dissimulada, da empreiteira OAS. Em troca, ela seria beneficiada em contratos com a Petrobras.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a OAS destinou ao ex-presidente um apartamento triplex, em Guarujá (SP), fez reformas neste mesmo imóvel e também pagou a guarda de bens de Lula em um depósito da transportadora Granero.

A defesa do ex-presidente nega todas as acusações.

Recursos negados

No final da tarde de ontem (9), os advogados de Lula entraram com três recursos no Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra decisões do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) que havia negado pedidos da defesa para adiar o depoimento.

Nesta quarta, o ministro Félix Fischer negou todos os recursos apresentados pela defesa de Lula. Um deles pedia para suspender por 90 dias o processo para que a defesa tivesse tempo de analisar diversos documentos da Petrobras incluídos no caso.

O outro recurso negado pedia que a defesa pudesse fazer uma gravação própria da audiência desta quarta.

O terceiro pedia que o STJ suspendesse o processo até uma análise definitiva sobre Moro ser ou não suspeito para julgar o caso do ex-presidente.

O processo

O MPF denunciou o ex-presidente por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em 14 de setembro 2016. Seis dias depois, a Justiça aceitou a denúncia, e Lula e outras sete pessoas viraram réus. Entre eles, estava a ex-primeira-dama Marisa Letícia, que morreu em fevereiro deste ano e teve as acusações arquivadas por Moro.

Desde que foi denunciado, Lula tem negado o recebimento de propinas e o favorecimento da OAS na Petrobras. A defesa diz que o MPF não tem provas que sustentem a denúncia.

Segundo advogados, a mulher de Lula tinha uma cota no condomínio do triplex, mas a vendeu quando a OAS assumiu a obra. Eles alegam que Lula e Marisa chegaram a visitar o apartamento citado na denúncia porque planejavam comprá-lo – o que acabou não ocorrendo. Ainda que seja uma incoerência econômica vender a cota de uma obra em construção para recompra-la após reformas que ultrapassam R$ 750 mil. A defesa também nega irregularidades no apoio oferecido pela empreiteira para guardar os bens do ex-presidente. Para os advogados de Lula, tudo é uma gratificação custosa e espontânea ao ex-presidente

Em novembro do ano passado, o ex-presidente prestou depoimento a Moro por videoconferência como testemunha de defesa do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Fase final

Após o depoimento de Lula, o processo chegará à fase final. O MPF e as defesas poderão pedir as últimas diligências. Caso isso não ocorra, o juiz determinará os prazos para que as partes apresentem as alegações finais.

Em seguida, os autos voltam para Moro, que vai definir a sentença, podendo condenar ou absolver os réus. Não há prazo para que a sentença seja publicada.

Bloqueios e segurança

Em vídeo divulgado na sua página na rede social Facebook, o juiz Sérgio Moro havia solicitado que as pessoas contrárias ao interrogatório e aos apoiadores de Lula não fizessem manifestação em frente ao edifício. Foi atendido em parte pelos que desejam ver Lula julgado pelos seus supostos crimes, mas não pela massa que se deslocou em ônibus de luxo, aviões e outros meios a aquela Capital.

Senadores petistas cabularam a sessão do Congresso para acompanhar e se manifestar contra a Justiça e a favor do réus. A presidente afastada Dilma Rousseff também acompanhou o ex-presidente.

Fonte: G1