O policial federal Newton Ishii, que foi preso na tarde de terça-feira (7), em Curitiba, foi transferido da Superintendência da Polícia Federal (PF) para o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), da Polícia Civil, por volta das 22h30 de quarta-feira (9).
Newton Ishii é conhecido como “o japonês da Federal” e foi preso após ter sido condenado pelo crime de facilitação do contrabando. O processo transitou em julgado, ou seja, não cabe recurso. Ao saber da decisão, Ishii se apresentou espontaneamente na Superintendência da Polícia Federal da capital paranaense.
(Correção: a reportagem errou ao informar inicialmente que Newton tinha sido transferido da carceragem da PF. Na verdade, desde que foi preso, ele ficou em uma das salas da Superintendência da PF que foi preparada para recebê-lo. A informação foi corrigida às 7h26).
A transferência foi determinada pelo juiz Matheus Gaspar, da 4ª Vara de Execução Penal da Justiça Federal, em Foz do Iguaçu.
Segundo a PF, Newton foi transferido ainda na quarta porque o cumprimento da pena só pode ser descontado a partir da detenção na Polícia Civil. Ishii foi condenado a quatro anos, dois meses e 21 dias em virtude da Operação Sucuri, deflagrada em 2003, que descobriu envolvimento de agentes na entrada de contrabando no país.
As investigações mostraram que os agentes facilitavam a entrada de contrabando pela fronteira com o Paraguai.
O delegado regional executivo da PF no Paraná, José Washington Luiz Santos, disse que Ishii foi responsável pelas escoltas e conduções de diversos presos que passaram pela custódia da PF em Curitiba. “O servidor foi o responsável pelos trabalhos de condução da maioria dos presos da maior operação de combate à corrupção, lavagem de dinheiro e desvios de recursos públicos, denominada de Operação Lava Jato”, lembrou o delegado.
Segundo José Washington Santos, a convivência do Japonês da Federal com presos perigosos no sistema estadual poderia ter “consequências graves e irreparáveis”.
O advogado Oswaldo de Mello Junior, que representa Ishii, foi procurado pela reportagem para comentar sobre a transferência, mas até a publicação ele tinha atendido às ligações.
Inicialmente, ele declarou que Newton já cumpriu quatro meses da pena e que isso será descontado da condenação total. “Como ele foi condenado a quatro anos e dois meses de prisão em regime semiaberto, teria o direito de progredir para o regime aberto depois de cumprir um sexto da pena, cerca de oito meses. E, como em 2003 ficou preso preventivamente por pouco mais de quatro meses, restariam ainda quatro meses e alguns dias em regime semiaberto para serem cumpridos”, detalhou o advogado.