Idosos devem ter cuidado na hora de contratar empréstimos consignados
Por André Farinha Publicado 29 de setembro de 2017 às 11:30

Neste domingo (1º) é celebrado o aniversário de criação do Estatuto do Idoso, que completa 14 anos, e também o Dia Mundial do Idoso. A data também é marcada pelas lutas em prol desta parcela da população brasileira que ainda enfrenta desafios gigantescos, como a constante aplicação de golpes, em especial quando se trata de empréstimos consignados. No mundo moderno de hoje, essa prática se tornou um crime comum e que, na maioria dos casos, termina sem solução e com prejuízos financeiros e até de saúde para as vítimas.

Segundo a diretora sul-mato-grossense do IBEDEC (Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo), Bárbara Grassi, a contratação de empréstimo consignado inclui muitas armadilhas, das quais os idosos são frequentemente vítimas. Ela orienta sobre os cuidados que devem ser tomados na contratação desse tipo de serviço, especialmente quando for via telefone.

Grassi reforça que os idosos são o alvo principal desse tipo de armadilha por acharem que a outra parte está agindo de boa-fé, o que nem sempre ocorre. Para se proteger, a primeira dica é verificar quem está oferecendo o consignado, se esse agente financeiro tem local fixo para uma possível reclamação. O mais seguro é fazer a contratação em lojas físicas e sempre exigir uma via do contrato.

“É de suma importância que o idoso fique atento nas ligações que lhe são feitas oferecendo produtos e muitas vezes renegociações de consignados. Infelizmente, durante a conversa o idoso é induzido a fazer contratações ou renegociações que não são de seu interesse. Caso isso ocorra é importante que ele faça a reclamação junto ao agente financeiro, Procons e órgãos de defesa do consumidor”, explica a diretora.

O caso Laurinda

Um caso deste tipo aconteceu com a aposentada Laurinda Borges Moreno, de 72 anos. Ela luta desde 2015 para recuperar seu crédito após ter sido vítima de uma instituição financeira. A idosa contraiu um empréstimo no final de 2011 e que seria quitado até agosto de 2015, no entanto, em fevereiro de 2015 fez um segundo empréstimo na mesma agência. No mês de agosto daquele ano quitou o primeiro, conforme o previsto, porém, ela não pôde acompanhar o seu saldo bancário devido a problemas de saúde.

Em dezembro de 2015 a aposentada recebeu uma ligação lhe oferecendo mais um empréstimo, foi quando descobriu que tinha dois empréstimos com aquele banco e não apenas um como imaginava. Ocorre que a instituição renovou o empréstimo consignado que ela havia quitado em agosto e começou a cobrar as novas parcelas a partir de setembro. Tudo isso sem a sua anuência.

Os empréstimos anteriores haviam sido contratados por telefone, mas nesse caso específico Laurinda não havia sido consultada ou concordado. “Eu liguei muitas vezes para eles e tentei resolver. Mas não adiantou”, comenta. A nova dívida tinha prazo de 60 meses para ser quitada. A aposentada ficou um ano tentando negociar com o banco até que optou por uma assistência judicial. “Fiquei meses sem dormir, perdi minha paz. Eu pensei: meu Deus, depois de velha, quando nem posso trabalhar, acontece uma coisa desagradável dessas?”, relembra.

Via judicial, Laurinda conseguiu que os descontos realizados em sua conta fossem paralisados e agora aguarda a decisão final sobre seu caso. “Eu fico pensando: Eu tive a sorte de descobrir que estavam me cobrando um empréstimo que eu não fiz, mas quantos outros velhinhos pagam durante anos sem ter controle, sem saber o que estão pagando?”, reflete a aposentada.

(Com informações da assessoria de imprensa do IBEDEC/MS)