
Governador e secretário deram entrevista sobre situação da segurança.
Pelo 5º dia, protestos de familiares de PMs impedem policiamento das ruas.
O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PSDB), criticou nesta quarta-feira (8) o movimento que impede o policiamento no estado. “O método adotado por algumas lideranças é um método que dá vergonha. É o método da chantagem”, disse em entrevista à imprensa.
Pelo 5º dia seguido, o estado vive uma onda de violência. Familiares de PMs pedem reajuste salarial e protestam impedindo a saída dos militares dos batalhões. O sindicato dos policiais já registrou 87 mortes violentas.
O secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, André Garcia, afirmou que, desde que as Forças Armadas passaram a patrulhar as ruas, “as ocorrências despencaram”. Nenhum número oficial foi divulgado.
Garcia afirmou que todos os municípios da região metropolitana de Vitória estão atendidos pela Força Nacional. Agora, será reforçado o policiamento em cidades do interior, como Guarapari.
O governador em exercício do Espírito Santo, César Colnago, disse que há pelo menos 500 policiais militares na rua, apesar da paralisação, e que vai fazer “tudo o que for preciso” para recolocar todo o efetivo na rua.
Negociações
O governo argumenta que está “no limite” para dar reajuste salarial, dentro da Lei de Reajuste Fiscal, e que não deixou de dialogar com os servidores e as mulheres dos PMs, mas espera que a lei seja cumprida.
Colnago disse que, diferente de outros estados, “os servidores do Espírito Santo estão recebendo em dia”. “Nós não somos um governo populista, que promete as coisas e não tem como cumprir. Não vamos ser irresponsáveis.” Segundo ele, o reajuste pedido pelos PMs – reposição da inflação e ganho real de 10% – custaria R$ 500 milhões ao ano para o estado.
“Pedimos bom senso e razoabilidade, e não podemos colocar a população nessa situação”, disse Colnago. Segundo ele, o governo só vai discutir reajuste quando tiver condições financeiras.
Paulo Hartung afirmou que a Lei de Responsabilidade Fiscal precisa ser cumprida e que “vai chegar uma hora que essa crise vai passar”.
Questionado se os PMs parados serão exonerados, o governador em exercício afirmou que todos serão submetidos ao que diz a lei, “no momento certo”.
O secretário de Segurança disse que o ES está vivendo situações nunca vividas antes. Ele lembra que a PM não pode fazer greve. “Esse movimento tem envergonhado o Espírito Santo. Todas essas ocorrências, todas essas mortes, está na conta deles.”
Sem acordo
A reunião entre mulheres de PMs, associações dos militares e deputados estaduais e a senadora Rose de Freitas (PMDB), que ocorreu nesta terça-feira (7) na Assembleia Legislativa do Espírito Santo, terminou sem acordo.
Esposa de policial, a manifestante Thamires da Silva disse que espera negociar com o governo. “Queremos antecipar o diálogo o quanto antes. Nossa pauta pede o reajuste de 43% referentes aos últimos três anos em que isso não aconteceu, além da anistia dos PMs, para que eles não sofram retaliações. Só após essas duas exigências serem aceitas, poderemos negociar a saída dos policiais.”
Os manifestantes esperam uma conversa com o governo nesta quarta, mas ela não foi confirmada pelo governo.
Retorno do governador
No início da entrevista, o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, falou sobre seu estado de saúde. Ele tratou um tumor na bexiga no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, e voltou ao estado nesta terça-feira (7). Hartung afirmou que seu tratamento foi bem-sucedido e que voltará ao hospital em dois meses para acompanhamento.
A recomendação médica é que o governador volte ao trabalho na próxima semana, mas ele afirmou que, com alguma limitação, já está ajudando “desde ontem”.
Fonte: G1