As exportações brasileiras cresceram 20,1%, em março, no confronto com igual mês do ano passado. Pela mesma comparação, as importações tiveram aumento de 7,1%. Foi o terceiro avanço consecutivo das trocas com estrangeiros.
Divulgadas ontem pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), as estatísticas também mostraram um superávit comercial de US$ 7,145 bilhões no terceiro mês de 2017. O saldo é o mais elevado para março desde o início da série histórica, em 1989.
As vendas para o exterior renderam US$ 20,085 bilhões, graças ao crescimento dos embarques de produtos básicos (29,7%), semimanufaturados (7,4%) e manufaturados (12,3%) no período.
Os destaques positivos ficaram com o minério de ferro (aumento de 186,7%, para US$ 2,3 bilhões) e o petróleo em bruto (avanço de 145,9%, para US$ 1,3 bilhão).
Também subiram (9%) as exportações de carne, para US$ 1,113 bilhão, mesmo com o impacto da operação Carne Fraca nas duas últimas semanas do mês.
A alta nos embarques de proteína animal, entretanto, pode não se manter no curto prazo, disseram especialistas consultados pelo DCI. Isso porque o País ainda precisa reconquistar a confiança de alguns parceiros comerciais.
“Ainda não houve tempo para sentirmos o efeito da operação. No próximo mês, já devemos ter uma influência mais forte”, analisou Pedro Raffy Vartanian, professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Ainda assim, o peso para as exportações de um possível recuo no embarque de carne será pequeno, afirmou ele. “Talvez tenhamos avanços um pouco menores [das vendas] no primeiro semestre, mas a perda não será muito grande.”
Para que as comparações mensais com o ano passado continuem no azul, devem colaborar novo aumentos dos embarques de minério de ferro e petróleo, que contam com preços mais altos em 2017, completou Raffy.
Professor de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), Mauro Rochlin destacou também a tendência positiva para as exportações de produtos industrializados.
“Isso acontece por dois fatores: o câmbio é melhor do que era há dois anos e a recessão estimula a busca por demanda fora do País”, explicou ele.
Em março, os principais avanços dos manufaturados vieram de hidrocarbonetos (aumento de 170,9%, para US$ 103 milhões) e óleos combustíveis (subida de 161,7%, para US$ 168 milhões). Entre os semimanufaturados, o destaque ficou com a borracha sintética (crescimento de 111,9%, para US$ 27 milhões).
Os maiores compradores de produtos brasileiros expandiram suas aquisições do País na comparação entre o mês passado e igual período de 2016.
As vendas para a China, principal parceiro comercial, cresceram 38,0%, para US$ 5,7 bilhões. Puxaram o aumento as negociações de minério de ferro, petróleo e soja.
Já os embarques para os Estados Unidos subiram 13,9% no mês, graças a petróleo, hidrocarboneto e produtos semimanufaturados de ferro e aço.
Na terceira posição entre os maiores compradores do Brasil, Argentina aumentou as importações em 26,7%. Destaque para automóveis de passageiros, veículos de carga e laminados planos.
Ainda foram vistos aumentos importantes nas exportações para a América Central (26,2%), Oceania (11,7%) e África (10,8%). Por outro lado, o crescimento das vendas brasileiras para a União Europeia foi mais tímido (3,3%).
Expansão das compras
As importações brasileiras totalizaram US$ 12,940 bilhões no mês passado, com avanços das aquisições de combustíveis e lubrificantes (14,4%), bens intermediários (10,6%) e bens de consumo (1,0%) na comparação com março de 2016. A única queda do mês foi registrada nas compras de bens de capital (-10,5%). Entre as mercadorias, o Mdic destacou a alta nas importações de produtos imunológicos.
De acordo com os especialistas, o câmbio é o grande motivo por trás desse aumento. “Ainda é cedo para falar em ajuda de uma retomada econômica”, disse Raffy.
Fonte: Fenbrave