Estudantes de medicina baixam as calças sob os jalecos e ameaçam as mulheres
Por Ariel Moreira Publicado 13 de abril de 2017 às 14:12

Roger Abdelmassih estuprou centenas de mulheres no exercício da profissão de médico. E que médico! Abdelmassih era o Rei da Fecundação in Vitro, o Midas da Reprodução Assistida. Incensado por celebridades como Pelé, Hebe Camargo, Gugu Liberato, a atriz Luíza Tomé, o humorista Tom Cavalcante, Renan Calheiros e o ex-presidente da República Fernando Collor de Melo, para sua clínica, na avenida Brasil, em São Paulo, acorriam os casais em busca do tão desejado filho que a natureza insistia em lhes recusar.

Quando se descobriu o que o doutor Roger fazia com as mulheres, além da inseminação artificial, boa parte da aura sagrada da profissão de médico evaporou.

Desde então, médicos brasileiros não se cansaram de protagonizar cenas vergonhosas para a profissão, para os Conselhos de Medicina, para a confiança que o paciente deveria ter em quem cuida de algo tão precioso como a saúde.

Tivemos as gravíssimas denúncias de estupro em trotes de calouros da USP, patrocinadas por alunos dos anos mais avançados; tomamos conhecimento das músicas entoadas pelos estudantes de medicina do interior de São Paulo, com peçonhento teor racista; conhecemos os casos de médicos-monstros, hostilizando seus colegas cubanos porque eles ousaram ir atender o povo nos grotões do Brasil, aonde os doutores brasileiros não admitem clinicar.

Agora, vem um novo susto. Desta vez, promovido por estudantes de medicina da Universidade de Vila Velha, no Espírito Santo.

Pelas redes sociais, sete futuros médicos posaram sorridentes para as câmeras com o jaleco do curso, calças abaixadas e as mãos em posição que remete a uma representação da vagina. Revoltante.

Como confiar em médicos que usam o jaleco para esse tipo de agressão e violência contra todo o gênero feminino? Como confiar em doutores que ousam brincar irresponsavelmente com o fato de terem acesso à intimidade das mulheres?

Depois de viralizar, a imagem foi bombardeada com comentários pedindo a punição dos universitários.

A Universidade de Vila Velha é particular. O curso de medicina tem mensalidade que apenas poucos abonados podem frequentar: R$ 5.438.

Para boa parte dos alunos, a medicina, em vez de vocação, é apenas uma profissão com alta possibilidade de retorno desse investimento. E, como os conselhos que deveriam regular a conduta ética do médico, em geral, comportam-se como meras couraças de proteção corporativa, acobertando as más condutas, infelizmente, os casos vexatórios só tendem a se multiplicar. Para azar dos pacientes.

Fonte: Jornalistas livres