Enquanto os pacientes sofrem com a falta de vagas, associados da Santa Casa e membros da diretoria da Associação Beneficente de Campo Grande (ABCG), entidade que administra o maior hospital público de Mato Grosso do Sul, ‘festejam’, com um café da manhã, ‘os avanços que estão sendo realizados na estrutura física, logística e no atendimento do estabelecimento hospitalar’.
Com 100 anos de história, a Santa Casa de Campo Grande vive hoje um capítulo negativo, com os portões do Pronto-Socorro fechados devido a falta de vagas. Quase que mensalmente a diretoria da ABCG vem à público reclamar da falta de repasse por parte da Prefeitura Municipal de Campo Grande e expor que as contas do hospital estão em déficit, sempre exigindo aumento no valor dos repasses oriundos da União, Estado e Município.
Estas justificativas tornaram-se padrão para a diretoria ‘defender’ a redução do número de atendimentos oriundos do Sistema Único de Saúde (SUS) – enquanto que os atendimentos particulares são mantidos normalmente. No entanto, ao mesmo tempo em que a administração sustenta tal tese, a imprensa campo-grandense repercute uma situação totalmente inversa, com macas desocupadas e corredores vazios, apontando que a superlotação não existe de forma concreta.
Na última sexta-feira (04), dois dias após a direção anunciar que a Santa Casa não iria mais receber nenhum paciente devido à falta de leitos, o presidente da Santa Casa, Dr. Esacheu Nascimento, recebeu parte dos associados do hospital em um café da manhã especial, juntamente com os membros dos conselhos, comitês e a diretoria da ABCG. O evento, segundo publicação de destaque no site da entidade, teve o intuito de “fortalecer os laços e, consequentemente, contribuir com a Santa Casa”.
Ao mesmo tempo, uma gama de pacientes fazia fila por atendimento no Pronto-Socorro e em outras áreas da Santa Casa. Com os portões fechados, o Pronto-Socorro está encaminhando as ambulâncias e demais casos que chegam para outros hospitais públicos, como o Regional e o Universitário.
A situação, gravíssima para a saúde pública, deve levar o prefeito Marcos Trad (PSD) a buscar auxílio, já nesta segunda-feira (07), junto ao Ministério Público Federal (MPF) na tentativa de intervir na direção da Santa Casa. Também a respeito, a Câmara Municipal deve receber, na terça-feira (08), o pedido para abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) a fim de investigar as contas da unidade hospitalar.