Em um mês e de graça, Apple Music atrai 11 milhões de clientes. É pouco para a Apple
Por Redação Publicado 7 de agosto de 2015 às 12:23

Onze milhões de clientes usando seu serviço digital um mês depois do lançamento é um número excelente para 99% das companhias do mundo. Mas não é para a Apple. Um mês após ser lançando, o Apple Music tem 11 milhões de clientes, segundo dados divulgados pela própria Apple ao jornal norte-americano USA Today. Só 11 milhões.

Por que ”só”? Pelas contas do jornalista Jay Yarow, do Business Insider, isso representa 3,7% da base instalada de iPhones e iPads que contam com o Apple Music. Se os números estão corretos (e eles parecem bem próximos), só quatro de cada 100 pessoas escolhem usar um serviço de música gratuito, instalado no seu iPhone ou iPad obrigatoriamente.

Como resume o Quartz: a maioria esmagadora dos usuários da Apple nem se dignou a testar o Apple Music de graça. Lembra quando o Apple Music foi encarado como o serviço que enterraria Spotify, Rdio, Deezer e todo o resto? Pelo menos o primeiro balanço deixa esse cenário longe da realidade. Os 11 milhões do Apple Music representam 15% dos 75 milhões de clientes gratuitos que o Spotify conseguiu arregimentar desde 2008. A base do Deezer é de 16 milhões. O Pandora teve 79,2 milhões de ouvintes no primeiro trimestre do ano. É uma lição que Jay-Z vem aprendendo desde março, quando lançou o Tidal: entrar no mercado de streaming não é fácil.

A questão não está traduzida só em números. No primeiro mês, o Apple Music vem enfrentando problemas que mostram uma possível pressa na hora de lançar o serviço. Que o diga Jim Dalrymple, blogueiro por trás do site The Loop, um reduto com análises sobre a Apple. Ao testar o Apple Music, Dalrymple perdeu quase 5 mil músicas compradas no iTunes. Abaixo, parte do seu relato.

“Eu amo a Apple. Eu os amo porque eles pegam problemas difíceis e oferecem soluções inovadoras e simples. As coisas que eles fazem simplesmente funcionam e podemos confiar neles. Infelizmente, minha experiência com o Apple Music foi exatamente o oposto. Até hoje, perdi 4,7 mil músicas da minha biblioteca (do iTunes) e tenho pouca esperança em recuperá-las”.

O post repercutiu e logo apareceram as comparações com o Apple Maps, um software criado pela empresa para responder a um serviço rival (o Google Maps) que, dada a quantidade de erros logo após o lançamento, obrigou o CEO Tim Cook a se desculpar formalmente. O Apple Music não chegou perto disso, mas mostra que a Apple tem dificuldade quando tenta se blindar criando versões próprias de apps de sucesso. Não fosse isso, não seria tão comum usuários do iOS teremuma pastinha só para deixar os serviços da empresa não usados.

Tudo isso também não significa que o Apple Music é um fracasso retumbante. A Apple ainda tem anos e anos para aperfeiçoar o serviço, investir pesado em marketing, criar mais alguns programas exclusivos (já ouviu o The Alligator Hour, do Josh Homme? Eu recomendo) e tirar vantagem da sua base instalada com centenas de milhões de celulares, tablets e computadores pelo mundo. Mas, para o tamanho da Apple e o do hype ao redor do Apple Music, esperava-se muito mais.

Fonte: Época Negócios