Em tempo de crise, o reposicionamento da carreira vira uma alternativa
Por Redação Publicado 22 de setembro de 2015 às 14:30

O TEMPO PARA A RECOLOCAÇÃO EM CARGOS DE DIREÇÃO TAMBÉM AUMENTOU

O corte de vagas também tem atingido o comando das empresas. Executivos de alto escalão estão levando mais tempo para se recolocar, segundo levantamento da consultoria Stato. Entre 2011 e 2013, os profissionais do C-level, como são conhecidos os principais comandantes das corporações, levavam cinco meses para achar um emprego. “Foram anos bons”, afirma Lucia Costa, diretora executiva da Stato. “Mas, desde o ano passado, a espera passou a ser de seis a sete meses.” Agora, leva em média oito meses. Na comparação com 2013, foi um aumento de 60%.

O motivo é óbvio: a contração da economia. “Não têm havido novas vagas”, diz Lucia. “Seja por falta de investimento, seja por um número menor de multinacionais entrando no Brasil.” As poucas contratações que acontecem são, na verdade, substituições. Com isso, quem está empregado tem se segurado na cadeira. “As pessoas não querem arriscar a estabilidade nesse momento complicado”, diz Lucia. A consequência é um mercado parado nas duas direções.

A tentativa de diminuir essa inércia pode significar um reposicionamento na carreira. Uma das alternativas pode ser a ampliação do campo de busca de oportunidades. Sondar setores novos, desde que tenham algum ponto tangencial com a área de experiência anterior, pode ser uma saída. Essa tentativa, porém, não vale para todos os mercados. “O setor automotivo, por exemplo, tem uma estrutura mais rígida que o segmento de hotelaria”, diz Lucia.

Também há oportunidades na profissionalização de empresas familiares. Há grupos fortes em regiões alternativas ao eixo Rio de Janeiro–São Paulo, que crescem apesar da crise e estão sendo reestruturados. Muitas vezes, o processo de profissionalização é puxado por fundos de private equity que adquirem uma parte dessas companhias e, em contrapartida, exigem profissionais qualificados do mercado na gestão. Para aproveitar a onda, é importante ter capacidade de adaptação. Tanto para se integrar a cidades menores, quanto para liderar em meio às exigências dos fundos de private ou mesmo às peculiaridades da gestão familiar.

Alguns executivos também têm aproveitado o intervalo na carreira para encontrar espaço como consultores. De acordo com Lucia, movimentos desse tipo eram esporádicos e pontuais até 2012. “Apenas 5% dos profissionais de alto escalão que passavam pela Stato se arriscavam no novo papel”, diz. Nos últimos três anos, porém, ser consultor em empresas de sua área de atuação se tornou uma tendência. Um dos benefícios da experiência é que ela oferece tanto o caminho de ida quanto o de volta. “Hoje, eles transitam bem nos dois mundos: não pega mal deixar de ser consultor quando encontrar uma nova oportunidade dentro de empresa.”

Fonte: Época Negócios