Com imagem impoluta junto ao povo, rainha da Inglaterra passará a data com discrição
Elizabeth II, monarca com o reinado mais longevo da História do Reino Unido, protagoniza hoje um novo recorde ao cumprir 65 anos no trono, no chamado Jubileu de Safira. E o fará na solidão de suas lembranças. A rainha não quer saber de eventos públicos numa data com sabor agridoce para ela, pois relembra também a morte de seu pai, George VI, e, por conseguinte, sua chegada ao trono britânico — uma responsabilidade que recaiu sobre seus ombros quando ela ainda era uma princesa de 25 anos.
A soberana “sempre deixou claro que seu longo reinado é a consequência do falecimento prematuro de seu progenitor e que, portanto, não é uma jornada para celebrações”, são palavras de seu ex-secretário de imprensa Dickie Arbiter. Elizabeth da Inglaterra assistiu na véspera (ontem) a uma cerimônia religiosa, mas no próprio dia do aniversário, hoje, permanecerá a portas fechadas na Sandringham House, seu retiro de inverno em Norfolk, dedicada a uma “sossegada reflexão” sobre aquele 6 de fevereiro de 1952 que provocou uma reviravolta na sua vida.
A mansão de Sandringham está cheia de lembranças de George VI, que morreu em um de seus quartos quando só tinha 56 anos. A jovem Elizabeth recebeu a notícia no Quênia, país que visitava com seu marido Philip representando o rei. Neste mesmo dia ela se converteu em rainha da Inglaterra. “Não suporto pensar em Lilibeth (seu apelido na família) e no quanto é jovem para aguentar este fardo…”, escreveu a mãe da monarca após a morte do marido e a ascensão ao trono de sua filha mais velha.
A cerimônia de coroação na Abadia de Westminster não foi celebrada até 16 meses depois, em 2 de junho de 1953, sob os auspícios de cerca de três milhões de britânicos que abarrotaram as ruas de Londres. Ainda princesa, como motivo de seu 21º aniversário, Elizabeth II lhes havia prometido que sua “vida inteira, seja longa ou curta, será dedicada a vosso serviço” e, ante as últimas pesquisas sobre a monarquia, cumpriu sua palavra: a maioria dos britânicos segue defendendo a instituição, mais de seis décadas depois e apesar dos alto e baixo que ameaçaram sua estabilidade nos tempos do “Dianagate” — como foi chamado o vazamento de conversas telefônicas íntimas entre a então princesa de Gales, Diana, e um amigo próximo, James Gilbey, em 1992. A modernização da Casa de Windsor nas últimas duas décadas e a percepção pública de que Elizabeth II sempre priorizou a vocação ao serviço frente a tudo mais se traduz hoje em uma imagem quase impoluta da longeva rainha.
Completando já 90 anos, Elizabeth II vai alcançar um Jubileu de Safira que é um feito no Reino Unido, mas não algo inédito no resto do mundo. O rei Bhumibol da Tailândia faleceu no ano passado após sete décadas no trono.
Fonte: Época.