Dos Anjos sobre saída da Kings MMA: "Infelizmente não deu mais certo"
Por Redação Publicado 31 de outubro de 2016 às 09:39

Ex-campeão peso-leve analisa novo momento da carreira e projeta disputa de título após duelo com Ferguson: “Passando por ele, mereço disputar o cinturão de novo”

“No meio do caminho tinha uma pedra”, já dizia o poeta Carlos Drumond de Andrade. As pedras, ou adversidades, fazem parte da rotina de atletas de alto rendimento, como o ex-campeão dos leves dos UFC,Rafael dos Anjos.

Após perder o cinturão para Eddie Alvarez, em julho, o brasileiro repensou tudo o que vinha fazendo até então e decidiu sair da zona de conforto para mudar o que achava que não estava mais dando certo. Foi assim que ele encerrou a parceria de quatro anos com o técnico e líder da Kings MMA, Rafael Cordeiro. O sonho é o de abrir a sua própria equipe, a RDA, o que, por enquanto, ainda é  um projeto para o futuro:

– Eu ainda não abri a minha academia, mas isso é questão de tempo. Eu realmente saí da Kings, não deu mais certo. Acho que estou entre amigos agora, com boas pessoas do meu lado, e treino não vai faltar para mim. Sou um cara bem-relacionado, tenho bons amigos, e infelizmente não deu mais certo. Eu sou bem certo em tudo o que eu faço e, infelizmente, não deu mais certo. Mas bola pra frente, nada mudou – declarou em entrevista exclusiva ao Combate.com.

Durante o bate-papo, além de falar sobre a nova fase e os treinos para o TUF América Latina Finale 3, no qual enfrenta Tony Ferguson, no próximo sábado, Dos Anjos analisa o adversário e projeta nova disputa de cinturão em breve.

Confira a entrevista, na íntegra:

Como foi o período de treinos no México e essa reta final de preparação?

Está sendo um dos camps mais legais que eu já tive. A gente está em muito boa sintonia. Eu, o Furão, o Philipe Dela Monica, o Edu, o Edwin Najmi, o Edu Pachu está aqui comigo também, meu amigo do Brasil, o Beneil Dariush, que vai lutar no mesmo card, o Arthur…então a gente fez um treinamento nas montanhas de Mammoth durante 20 dias e viemos agora pra Cidade do México faltando 10 dias e está sendo muito bom. Está sendo uma experiência muito legal, o peso está baixando com facilidade, graças a Deus, estou entre amigos e tudo está dando certo, tudo perfeito, graças a Deus.

Você disse ao Sensei Sportv que saiu da Kings MMA para abrir a sua própria equipe. Como foi tomar essa decisão, especialmente perto de uma luta tão importante?

Eu ainda não abri a minha academia, mas isso é questão de tempo. Eu realmente saí da Kings, não deu mais certo. Acho que estou entre amigos agora, com boas pessoas do meu lado, e treino não vai faltar para mim. Sou um cara bem-relacionado, tenho bons amigos, e infelizmente não deu mais certo. Eu sou bem certo em tudo o que eu faço e infelizmente não deu mais certo. Mas bola pra frente, nada mudou.

Muita gente atribui a sua evolução ao MMA ao trabalho com o Rafael Cordeiro. Quais foram os motivos que te levaram a sair da equipe?

Acho que foi um trabalho de toda a equipe. Eu treinava na Kings três vezes por semana, mas fora isso eu ía em outros lugares treinar também. Então, acho que a evolução foi crédito do Rafael Cordeiro, meu crédito, crédito do Philipe Dela Monica, do Nick Curson, que é o meu preparador físico, do Jacob Harman, que é o treinador de wrestling…então é crédito para todos da equipe, todo mundo que participou da minha carreira, do Eduardo Pamplona, que já me ajudou muito no muay thai também, então é uma junção de todos os amigos que já me ajudaram a treinar. A evolução foi crédito para essas pessoas e para mim também, que vou para a academia e treino firme. As pessoas que estão ao meu lado sabem o quão firme eu treino e o quão dedicado eu sou. Acho que a evolução vai continuar tendo. De qualquer forma, sou muito grato ao Rafael Cordeiro por tudo o que ele fez por mim, por todos os ensinamentos, mas agora é bola pra frente, nova fase da vida.

O que mudou na sua preparação para esse duelo desde a saída da Kings MMA?

Não mudou nada, treino da mesma forma, estou treinando os mesmos fundamentos. Sou um lutador experiente, tenho 32 anos, mais de 30 lutas e sei o que eu faço também, sei treinar, tenho experiência suficiente, tenho bons amigos e pessoas boas do meu lado. Tem um grande amigo meu, Eduardo Pachu, que está aqui me ajudando na parte de muay thai pra essa luta, tem o Philipe Dela Monica no jiu-jítsu, tem o Gordo, que infelizmente não vai poder estar no meu córner dessa vez devido ao trabalho, mas sempre esteve em todas as minhas lutas. Sou um cara abençoado de ter essas pessoas do meu lado e nada mudou. Treinamento firme, sei treinar meus fundamentos e tenho experiência suficiente para fazer isso.

Quem fará parte da equipe RDA?

A equipe RDA vai abrir num futuro próximo. Com certeza vai ser uma equipe de amigos, vai ser uma equipe que vai ter uma energia super boa, sem divisões e vamos ver. Isso está nas mãos de Deus, vamos ver no futuro como vai ficar. Isso é um projeto, por enquanto a equipe RDA está composta pelo Eduardo Pachu, pelo Philipe Dela Monica, pelo Edwin Najmi, que estão do meu lado aqui, é o Beneil, o Arthur, eles que estão fazendo parte da minha equipe neste momento, entendeu? São amigos e tudo no controle de Deus.

O quão difícil foi para você digerir a derrota para o Alvarez?

Foi muito difícil, especialmente da maneira que foi. Mas eu já engoli essa pílula árdua, azeda e amarga. Agora é bola pra frente e eu acho que Deus tem um plano em tudo e sempre esteve à frente da minha vida me ajudando em tudo. Dessa vez não é diferente. Eu já estive nessa posição antes e acho que sei o caminho para voltar ao topo. Eu sou novo, estou com saúde, não tenho nenhuma lesão séria e nada que me atrapalhe. Tenho disposição suficiente para fazer tudo de novo e chegar de volta ao topo.

Chegou a ver a luta novamente? Consegue analisar o que saiu errado no combate?

Quando você é o campeão, você tem um alvo nas suas costas. Todo mundo quer o que é seu, com certeza você é o mais falado, todo mundo está cobiçando uma coisa que você tem. Mas eu acho que naquela luta eu estava bem fisicamente e aconteceu de tomar um soco ali. Foi um conjunto de coisas. Quando não é pra ser não vai, não adianta. O Eddie Alvarez estava no dia dele. Demorou pra cair a ficha, mas é aquilo. Como eu disse sou novo, tenho disposição suficiente para trabalhar tudo de novo e recuperar o que é meu.

Como foi a decisão de voltar rapidamente ao octógono? Essa será a sua terceira luta nos últimos 12 meses…

Na verdade, eu tirei uns 45 dias fazendo o que eu queria mesmo, treinando jiu-jítsu. Foi um ano complicado. Eu lutei em dezembro com o (Donald) Cerrone, em março já estava marcado para enfrentar o Conor McGregor. Duas semanas antes da luta quebrei o pé e, para lutar com o Eddie Alvarez eu me preparei 10 semanas, sendo que nas primeiras quatro semanas eu fiquei na Evolve, em Singapura, e meu pé não estava 100% ainda. Lógico, eu cheguei na luta com o condicionamento físico bom, mas foi corrido. Foi uma preparação mais curta, foi o camp mais curto que eu já fiz. Porém, cheguei bem, em forma, mas foi uma coisa muito corrida. Por isso que tirei esses 45 dias, descansei, passeei com a minha família, coloquei a cabeça no lugar. Eu achava que, pela forma que foi a luta, e pelo que eu vinha fazendo com meus adversários, a forma que eu tava ganhando, achava que merecia a revanche. Mas o UFC tem outros planos e não quis me dar a revanche imediata, segundo meu empresário, então eu perguntei quem era o cara que eu poderia lutar, porque queria voltar a disputar o cinturão na sequência. E era o Tony Ferguson, que está vindo de oito vitórias. Então pedi para lutar com ele com o objetivo de voltar a disputar o cinturão depois.

O Tony Ferguson vem de oito vitórias seguidas no UFC. Como você vê esse combate e quais perigos ele traz para o seu jogo?

Eu acho que o perigo que ele pode trazer é que o Ferguson é um cara que arrisca muito. Ele não tem medo, arrisca, e é um cara que vem para brigar. Ele vem para a briga mesmo, vem com má intenção, vem para te machucar mesmo, quer cortar, vem pra brigar. Então, acho que tem que meter umas “mãos duras” ali no começo para segurar esse ímpeto e trabalhar na experiência e na minha agressividade também. Mas o meu volume de jogo vai fazer a diferença. Ele tem grandes vitórias em cima de atletas duros, porém nunca lutou com um cara com a minha qualidade ainda.

Acha que uma vitória contra o Ferguson te colocaria em uma nova disputa de cinturão?

Eu acho que sim. Essa seria a atitude justa a se tomar. Passando pelo Ferguson, eu mereço disputar o cinturão de novo, mas a gente nunca sabe.

O “TUF América Latina 3 Finale” vai ao ar no Canal Combate no próximo sábado, 5 de novembro, a partir das 20h25 (horário de Brasília). O Combate.com transmite ao vivo as duas primeiras lutas do card preliminar em vídeo, e acompanha o evento, também na íntegra, em Tempo Real. Na sexta-feira, dia 4, canal e site transmitem a pesagem do evento, a partir das 20h55.

TUF América Latina 3 Finale
5 de novembro, na Cidade do México (MEX)
CARD PRINCIPAL (a partir de 0h, horário de Brasília):
Peso-leve: Rafael dos Anjos x Tony Ferguson
Final peso-leve do TUF: Claudio Puelles x Martín Bravo
Peso-leve: Diego Sanchez x Marcin Held
Peso-pena: Ricardo Lamas x Charles do Bronx
Peso-leve: Beneil Dariush x Rashid Magomedov
Peso-palha: Alexa Grasso x Heather Jo Clark
Peso-galo: Kyle Bochniak x Horacio Gutierrez
CARD PRELIMINAR (a partir de 20h30, horário de Brasília)
Peso-galo: Erik Perez x Felipe Sertanejo
Peso-galo: Marco Beltrán x Adversário a ser definido
Peso-meio-médio: Erick Montaño x Max Griffin
Peso-galo: Henry Briones x Douglas D’ Silva
Peso-médio: Sam Alvey x Alex Nicholson
Peso-leve: Marco Polo Reyes x Jason Novelli
Peso-pena: Enrique Barzola x Chris Avila

Fonte: Combat